quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Alagoas aprova publicidade em uniforme escolar e causa polêmica

Vereadora Heloísa Helena aciona MP e exige anulação da nova lei: "Isso é inaceitável", diz

Rodrigo Gomes

RIO - A vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSOL) entrou com uma ação no Ministério Público Estadual de Alagoas e na Vara da Infância e Juventude pedindo a anulação na Justiça da lei 7.288, que autoriza o anúncio publicitário nos uniformes de alunos de escolas públicas do estado em troca da doação de uniformes, material escolar e mobiliário para colégios. A medida, que já vinha causando polêmica, foi sancionada em 30 de novembro pelo governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Para Heloísa, os alunos não devem ser obrigados a fazer propaganda para empresas.

- Eles não podem ser forçados a virar garotos-propaganda. Isso é ilegal e inaceitável juridicamente, além de ser uma falta de respeito aos estudantes, à sua dignidade e à preservação da imagem. Não podemos aceitar - critica a ex-senadora.

Desde que foi sancionada, a medida vem gerando polêmica entre educadores e na internet. A pedagoga Mirian Paúra, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, tem a mesma opinião de Heloísa.

- Colocar publicidade nos uniformes é um desrespeito ao aluno. A escola tem o dever de educar e não de explorar as crianças como mediadora de um determinado produto ou serviço - afirma ela.

Segundo a própria Secretaria de Educação de Alagoas, a falta de recursos foi o que motivou o deputado estadual Jeferson Morais (DEM-AL) a criar essa lei. Em seu Twitter, o secretário estadual de Educação e Esportes, Adriano Soares (@adrianosoares69), confirmou a informação. "Os estudantes hoje pagam pelos uniformes. Pq a educação ñ tem recursos para comprar esses uniformes para os alunos".

Heloísa Helena discorda da alternativa encontrada pelo governo.

- Não pode ser desculpa para o Estado agir inadequadamente - resume ela.

Por meio de um comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Alagoas (Sinteal) condenou a nova lei, chamando-a de "ridícula e perigosa".

"Transformar milhares de alunos em verdadeiros 'outdoors ambulantes' não irá salvar a educação pública de Alagoas do 'caos' em que se encontra. Jogar os alunos nas 'garras' da iniciativa privada dá bem a medida do que esse governo pensa e quer da educação pública.". (leia a integra da nota)

A única restrição prevista na lei é quanto ao tipo de empresa que patrocinará os uniformes: os anunciantes não podem atuar nos setores de bebidas e cigarros.

As especificações sobre a periodicidade e a padronização do material fornecido ficarão a cargo da secretaria.

Atualmente, todas as peças são pagas pelos próprios pais, mas o uso do uniforme não é obrigatório.

Ipea sugere mudanças na estrutura tributária para aumentar recursos para a educação


Amanda Cieglinski

Da Agência Brasil, em Brasília tweet Às vésperas da aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE) na Câmara dos Deputados, um estudo lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) aponta que o atual patamar de investimento na área – 5% do Produto Interno Bruto (PIB) – é insuficiente para melhorar os indicadores educacionais. O instituto enumera possíveis novas fontes de recursos para ampliar os gastos em educação, entre elas, mudanças na estrutura tributária, captação de recursos em agências de fomento nacionais e internacionais e melhoria da gestão dos investimentos.

Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o sistema tributário brasileiro ainda é muito regressivo – os mais pobres pagam proporcionalmente mais impostos do que os ricos em relação à sua renda. O relatório sugere que haja uma revisão de algumas taxas de arrecadação como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ou o Imposto de Grande Fortunas (IGT).

“Nós temos uma contribuição dos tributos que nos daria uma alternativa de ampliação dos recursos que poderiam ser direcionados para a educação”, defendeu Pochmann.

Outra fonte para ampliar a verba destinada à educação poderia vir dos recursos que serão obtidos com a exploração da camada do pré-sal. Para Pochmann, o debate sobre os royalties do pré-sal ainda é “mal feito” e se trata de mera disputa por apropriação dos recursos públicos. “Os estados e municípios que hoje recebem os royalties do petróleo não são os que apresentam os melhores indicadores sociais”, apontou.

Outro instrumento apontado como importante para ampliar os investimento em educação é a melhoria da gestão dos gastos. Para o secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do Ministério da Educação (MEC), Carlos Augusto Abicalil, há uma evolução no debate sobre o financiamento, já que, na última década, havia a defesa de que não era necessário mais dinheiro para a área, mas apenas melhorar a eficiência das verbas disponíveis.

“Todo o esforço de gestão não pode ser abandonado, até porque é um princípio da administração pública. Mas, felizmente, chegamos a uma disposição unânime de que é necessário ampliar os recursos, sem abandonar o zelo com a eficiência e transparência”, apontou.

O relatório foi lançado pelo Ipea para subsidiar as discussões do PNE que irá definir uma meta de investimento público na área a ser atingida nos próximos dez anos. O projeto de lei está em tramitação na Câmara dos Deputados. Governo e entidades da sociedade civil divergem sobre o patamar a ser aplicado. A meta, definida pelo governo, é ampliar o gasto público dos atuais 5% para 7% do PIB, mas entidades da área defendem um índice mais ambicioso de 10%.

O Ipea, entretanto, não indica no estudo qual seria o investimento mínimo necessário para melhorar a qualidade do ensino e promover a inclusão da população que ainda está fora da escola, como prevê o plano. “É uma decisão de natureza política a definição de um parâmetro de quanto deve ser gasto pela educação. Nós entendemos que não cabe ao Ipea a definição de um número, mas a identificação da escassez de recursos para poder atender os requisitos educacionais no início do século 21 e, ao mesmo tempo, a identificação de que há fontes para financiar a ampliação dos recursos”, argumentou Pochmann.

Abicalil disse que a meta de 7% do PIB estabelecida pelo governo é um esforço proporcional ao que foi realizado recentemente, já que o investimento cresceu 1% do PIB nos últimos cinco anos. “Se nós questionarmos os governadores ou prefeitos nós não vamos ver o mesmo tipo de receptividade [à proposta de 10% do PIB como meta de investimento] porque a pergunta é evidente: de onde vamos tirar os recursos para alcançar o patamar desejado pela sociedade civil? O fato de já propor os 7% do PIB é um reconhecimento prévio de que haverá um esforço fiscal ainda maior”, apontou Abicalil.

Fonte: UOL Notícias (http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/12/14/ipea-sugere-mudancas-na-estrutura-tributaria-para-aumentar-recursos-para-a-educacao.jhtm)


Universo de letras e cores



Projeto de professora potiguar que torna processo de alfabetização mais prazeroso é premiado pelo MEC

Francisco Francerle //
 
Qual professor nunca formou textos e palavras a partir da simbologia das letras? Mas quem já experimentou juntar esses símbolos a cores, formas e música e tudo mais que forma o mundo lúdico e encantado das crianças? Talvez poucos façam isso, mas o resultado dessa mistura de letras às artes tem implicado em um aprendizado eficiente e prazeroso a crianças em processo de alfabetização. Essa é a tônica do projeto "Pequenos grandes artistas: um passeio pela obra de Romero Britto", da professora Maria Bendita Silva de Souza, da Escola Municipal Celestino Pimentel, que ganhou o Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Bendita Souza viajou ontem a Brasília para receber a premiação e participar de um seminário promovido pelo MEC. Ela concorreu pela categoria "Séries/anos iniciais do Ensino Fundamental", que premiou os dez melhores trabalhos de educadores de todo país nas modalidades de Ensino Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais e Ensino Médio. Desenvolvido em parceria com a professora Anali Gomes, o projeto é destinado principalmente a alunos das turmas de 1º ao 5° ano, a partir do processo de alfabetização e leitura de mundo.

O Prêmio Professores do Brasil é uma iniciativa do Ministério da Educação, promovido juntamente com as instituições parceiras. O Prêmio foi instituído em 2005, por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério. O objetivo é reconhecer o mérito de professores das redes públicas de ensino, pela contribuição dada para a melhoria da qualidade da educação básica, por meio de experiências pedagógicas bem-sucedidas, criativas e inovadoras.
O concurso consiste na seleção e premiação das melhores experiências pedagógicas desenvolvidas ou em desenvolvimento por professores das escolas públicas, em todas as etapas da educação básica. É necessário comprovar os resultados exitosos no enfrentamento de situações-problema, considerando as diretrizes propostas no Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.

Lendo o mundo
Formada em Artes pela UnP e com especialização em Artes Visuais pela UFRN, a professora Bendita em sala de aula tem que ser polivalente para dar conta das diversas vertentes pedagógicas do ensino de artes nas áreas de dança, teatro, música e artes visuais. É justamente com essa polivalência que ela está conseguindo juntar os tijolinhos das cores, formas e movimentos com símbolos do alfabeto e contribuir para a construção do mundo da alfabetização de seus alunos. Ela conta que o trabalho foi um processo de descoberta em sala de aula, um caminho encontrado em determinado momento, para possibilitar que o aluno não saísse das séries iniciais sem interpretar o mundo que o cerca.
"Mas se eu tenho as cores, formas e movimentos e se isso tudo está no meu cotidiano e tem um significado para meus alunos e se o próprio artista Romero Brito, cuja obra é base para esse trabalho, conta que sua experiência com crianças pobres do Brasil o levou a pintar um mundo colorido para colorir a própria vida,porque então não aplicar essa prática em sala de aula?", explica Bendita, completando que o resultado tem sido uma alfabetização lúdica com criatividade, bom-humor e muito prazerosa.

 
 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Site reúne documentos sobre governos no Brasil desde os tempos da Corte portuguesa até a República

Uma parceria entre o Arquivo Nacional e alguns arquivos estaduais do país – como o de São Paulo – lançou na web o portal “Mapa: Memória da Administração Pública Brasileira”.


O site reúne documentos sobre governos no Brasil desde os tempos da Corte portuguesa até a República.


Além de manuscritos digitalizados, o portal concentra informações sobre o projeto de pesquisa, incluindo textos sobre o assunto, fontes de pesquisa e uma seção de divulgação de eventos relacionados ao tema.

Para conhecer o portal “Mapa: Memória da Administração Pública Brasileira”, clique em http://linux.an.gov.br/mapa/.

Lançamento de livro

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Palestra do professor Henrique Florescano II

Quinta-feira, dez de novembro, às dez e meia da manhã, na Unirio, o professor Enrique Florescano fará sua apresentação com o tema "La Función Social de la Historia".
Sua fala ocorrerá no auditório  do CCET, Av. Pasteur, 458, Urca.

Palestra do professor Enrique Florescano

O Prof. Dr. Enrique Florescano irá ministrar a palestra “La función social de la História”, a convite do Departamento de História da PUC-Rio, no dia 08 de novembro do corrente, às 15h, no Auditório B-6, localizado no 6º andar do Prédio Frings.


XI Encontro Nacional de História Oral

A Associação Brasileira de História Oral (ABHO) tem a satisfação de convidar a comunidade de pesquisadores, professores e alunos de História para o XI Encontro Nacional de História Oral, evento que ocorrerá de 10 a 13 de julho de 2012 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Largo de São Francisco, n.1, Centro, Rio de Janeiro.

O Encontro tem como tema “Memória, Democracia e Justiça”. Convidamos a todos a participarem do evento em suas diversas modalidades. No momento estão abertas inscrições para propostas de simpósios temáticos e mini-cursos. Maiores informações no site do evento: www.encontro2012.historiaoral.org.br

Ciclo de palestras "METODOLOGIA DE ENSINO EM HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA"

O Curso de História da Universidade Gama Filho convida para o ciclo de palestras "METODOLOGIA DE ENSINO EM HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA", a ser ministrado pelo Prof. Dr. Igor Salomão Teixeira (UFRGS). As palestras ocorrerão nos dias 09 e 10 de novembro, das 14:00 às 17:00, no campus Candelária.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mapas da colônia em versão digital


Projeto coordenado pela Universidade de Brasília cria uma espécie de “Google Earth” de nosso país entre os séculos XVI e XIX

Com os atuais recursos de localização e captação de imagens aéreas por satélite, a cartografia foi alçada a outro patamar. Agora, essas tecnologias estão sendo aplicadas a mapas históricos do Brasil colonial. Esse é o objetivo do projeto Atlas Histórico Digital da América Lusa, coordenado pelo Laboratório de Experimentação em História Social da Universidade de Brasília. Uma espécie de Google Earth do século XVI a XIX em que é possível medir distâncias, comparar dados geográficos ou visualizar informações como a ocupação econômica e social das cidades.

O atlas digital está sendo produzido por meio do cruzamento de imagens de satélite com milhares de mapas e informações sobre as unidades urbanas e populacionais do Brasil entre 1500 e 1800. Assim, será possível visualizar, por exemplo, o crescimento de uma região, a transformação de uma vila em cidade ou a evolução dos eixos e centros econômicos do país.

O projeto já conta com um site, que está no ar desde julho em versão de testes, e a partir de outubro terá atualizações regulares


Fonte: Revista História Viva

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mais tempo em sala de aula pode ''salvar'' ano escolar da criança, diz Haddad


Ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, defendeu, em entrevista exclusiva ao UOL, o aumento dos dias letivos nas escolas


Fonte: UOL Educação
Karina Yamamoto, Editora do UOL Educação
Rafael Targino, em São Paulo

O ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, defendeu, em entrevista exclusiva ao UOL, o aumento dos dias letivos nas escolas. Segundo ele, uma hora por dia ou dez dias por ano podem ser a “salvação” de um aluno.

Na mesma entrevista, Haddad afirmou também que votaria em Marta Suplicy (PT) e que gostaria que o deputadoGabriel Chalita (PMDB) estivesse na disputa.

“Muitas vezes, uma hora a mais por dia ou dez dias a mais por ano podem significar reprovar ou não uma criança. Podemos salvar o ano daquela criança e mantê-la na idade correta [na escola]”, afirmou.

Ampliação


O governo estuda ampliar o tempo que o aluno passa na escola, ou com mais horas por dia, ou com mais dias por ano. Uma pesquisa, feita pelo secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros –e apresentada pelo MEC (Ministério da Educação) na semana passada– defende que um aumento de dez dias no ano letivo pode elevar o aprendizado do estudante em até 44% em um período de um ano.

A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no entanto, já mostrou em pesquisa que o aumento da jornada não necessariamente se reflete no aprendizado das crianças. No relatório “Education at a Glance”, divulgado no dia 13 de setembro, a instituição diz que o Brasil já oferece mais tempo de sala de aula (800 horas/ano) que a média dos países desenvolvidos (793 horas/ano).

O próprio ministro diz que não há estrutura para um aumento imediato da jornada. “Não há espaço físico para dois turnos, a não ser com tecnologias novas, como o próprio ministério desenvolveu. O que nós temos que discutir é como a gente vai aumentar o período de exposição da criança ao conhecimento.”

Desigualdade entre escolas públicas e particulares


Questionado sobre como fazer para diminuir a diferença de desempenho entre escolas públicas particulares, Haddad disse que “há muito” por fazer, mas que é preciso “reconhecer o esforço” do que já foi feito. “Estamos estimulando as escolas [públicas] a se compararem com elas próprias” por meio do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

A meta do governo é chegar à nota 6 no Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental no ano de 2021, em uma escala que vai de zero a 10. Haddad negou que o objetivo seja baixo.

“No país mais evoluído, a nota é oito. Não existem países nota 10 nessa escala. Nós calibramos de tal maneira [que] chamamos de 6 a nota média dos países mais ricos do mundo. Se nós chegarmos [à meta] significa dizer que nosso sistema é melhor que o de Israel, da Itália.”

Enem


O ministro chamou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de “desafio”. “[É] Sempre um desafio e sempre será. Ele é muito grande. Só perde para o exame da China [o Gao Kao], que tem 11 ou 12 milhões de inscritos. É uma logística de escala monumental. Ele [o Enem] está se cercando do que há de melhor na inteligência do país: Correios, Inmetro, gerenciamento de risco”, disse.

Segundo Haddad, a greve dos Correios não vai atrasar a distribuição dos cartões de inscrição e, tampouco, das provas. “É uma operação especial e [o cartão] é acessível pela internet, com a senha de inscrição. [O candidato] Vai poder acessar independentemente de receber ou não.” Na terça-feira (27), os Correios anunciaram que iriam começar a entrega dos cartões ainda nesta semana.

Ensino superior na Ciência e Tecnologia


Tramita no Senado um projeto de lei que tira do MEC a responsabilidade da gestão do ensino superior, transferindo-o para o Ministério de Ciência e Tecnologia. Haddad criticou a ideia.

“É uma medida cosmética. Não vejo como uma mudança estrutural de fundo, até porque orçamento das universidades foi triplicado no último período. Nunca foi tão boa a relação do MEC com os reitores”, disse.

Resenha do Guia Politicamente Incorreto da América Latina


Maria Ligia Coelho Prado*

O principal objetivo deste Guia, nas palavras dos autores, é derrubar do pedestal o que chamam de “falsos heróis latino-americanos”. São “falsos” porque deles se construíram injustas imagens laudatórias. O livro quer mostrar a “outra” face desses homens, indicando seus equívocos, fraquezas e incapacidades. Cada capítulo está dedicado a uma das personagens que será objeto de críticas, de Simón Bolívar a Che Guevara.


Sem dúvida, a decisão dos autores de centrar o texto nas figuras dos “heróis” ou dos assim denominados “grandes homens” é bastante decepcionante. A desmistificação de heróis – “falsos” ou não, latino-americanos ou europeus – foi tarefa já exaustivamente cumprida pelos historiadores. Para que o passado histórico seja compreendido, é indispensável que se faça uma cuidadosa análise dos pensamentos e ações de homens e mulheres envolvidos na complexa trama de questões sociais, políticas, culturais, religiosas e econômicas.


Para construir seus argumentos e ordenar sua narrativa, Narloch e Teixeira se apóiam em muitas citações retiradas da bibliografia e indicam suas fontes em notas de rodapé, conferindo ao livro um pretenso ar de respeitabilidade acadêmica.


Todos os capítulos trazem afirmações polêmicas, simplificações oportunas e interpretações discutíveis que mereceriam ser esquadrinhadas. Repetem a equivocada estratégia de pinçar frases a esmo, retirando-as do contexto histórico, atribuindo-lhes valores positivos ou negativos sem as devidas explicações e restringindo, portanto, sua compreensão. Diante de tantas possibilidades para o exercício da crítica, escolhemos analisar dois procedimentos utilizados pelos autores para sustentarem seus pontos de vista.


O primeiro deles é o de se apropriar de uma fonte bibliográfica contestada e corroída por suspeitas e apresentá-la ao leitor brasileiro como fidedigna e isenta. O capítulo sobre Salvador Allende, que é particularmente controverso e recheado de afirmações refutáveis, exemplifica tal utilização imprópria. Narloch e Teixeira, no item 6 do capítulo, retiram informações do livro do chileno Víctor Farías, Allende, antissemitismo e eutanásia, para acusar o falecido presidente de racista e anti-semita e para associá-lo a certas práticas nazistas. Essas rotulações já foram fortemente denunciadas e refutadas no Chile, inclusive com a publicação de documentos que demonstram os equívocos de todas essas acusações.


Para a mais clara compreensão do manuseio das fontes pelos autores, vamos nos ater à questão do racismo e anti-semitismo. Sobre esse tema, Narloch e Teixeira reproduzem trechos retirados do livro de Farías, que supostamente teriam sido transcritos da tese Higiene mental e delinqüência, que Allende escreveu para obter o título de médico em 1933. As frases atribuídas a Allende estão carregadas dos piores preconceitos sobre judeus, ciganos, árabes, italianos, homossexuais e alcoólatras. Entretanto, a Fundação Presidente Allende, da Espanha, para refutar as diatribes de Farías, publicou a tese original de Allende, que também está disponível na internet. O que se constata é que Allende estava, no trecho mencionado, reproduzindo frases de Lombroso – ele afirma isso literalmente - numa disc ussão sobre suas teorias, como ainda era usual no começo dos anos 1930. A conclusão de Allende sobre as possíveis relações, defendidas por Lombroso, entre origem étnica e delito criminoso, é a de que não havia dados precisos para demonstrar tal influência “no mundo civilizado”. (p.115 da tese) Frase esta que não aparece na transcrição de Farías e do Guia. Como se sabe, o bom historiador e o bom jornalista devem checar suas fontes, estudá-las, compará-las, garantir sua credibilidade e depois transcrevê-las com correta isenção.


O segundo procedimento refere-se ao mecanismo de utilização de uma fonte bibliográfica de prestígio para referendar ou legitimar conclusões bastante diferentes daquelas defendidas pelos autores do Guia. O capítulo sobre Pancho Villa, líder da Revolução Mexicana, é, neste sentido, exemplar. A intenção explícita de Narloch e Teixeira é demonstrar que Pancho Villa não era anti-americano e que não foi um Robin Hood latino-americano. (p.239) Para alcançar seu objetivo, os autores fazem referências a trabalhos de historiadores de onde retiram informações pontuais e dados específicos. Entre eles, um se sobressai, pois é citado em 27 das 47 notas de rodapé: Friedrich Katz, historiador da Revolução Mexicana, homem de convicções esquerdistas e autor de uma monumental biografia de Pancho Villa. Nela, Katz salienta o lug ar de Villa no movimento revolucionário e procura fugir das lendas e da construção do mito. A trajetória pessoal e política de Villa é analisada integrada ao contexto social do México. Assim, existe um fosso entre a abordagem e conclusões de Katz e aquelas encontradas no Guia. A voz de autoridade de Katz é utilizada apenas para conferir credibilidade aos argumentos do Guia.


Para terminar, uma observação de caráter geral. Os autores apresentam no Guia uma visão desdenhosa sobre a História da América Latina. Só se entende essa exacerbada desqualificação se ela for pensada como a outra face do real desconhecimento dos autores sobre o assunto.


*Maria Ligia Coelho Prado é Professora de História da América Latina da USP
 
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lombroso-oculto-livro-sobre-falsos-herois-latino-americanos-usa-simplificacoes-oportunas-omissoes-e-interpretacoes-discutiveis-avalia-professora-,777219,0.htm

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Estudo do governo defende aumento do ano letivo


Haddad apresenta dados que mostram que dez dias a mais de aulas podem elevar rendimento nas escolas em 44%

BRASÍLIA. Aumentar o ano letivo em dez dias pode fazer melhorar o aprendizado em 44%, diz estudo divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). O levantamento, que consistiu na análise de pesquisas nacionais e internacionais da última década, serviu de base à proposta do ministro Fernando Haddad de ampliar o tempo de permanência das crianças em sala de aula. Na semana passada, Haddad defendeu a extensão do ano letivo de 200 para 220 dias, ou o acréscimo de uma ou mais horas à jornada diária.

O levantamento lista medidas com impacto direto na melhoria do aprendizado. A qualidade dos professores é apontada como mais eficaz: alunos que têm aulas com os melhores docentes teriam rendimento 68% acima dos colegas atendidos pelos piores profissionais. Segundo o estudo, o aumento de dez dias de aula equivaleria, em termos de elevação da aprendizagem, à redução do número de alunos por turma.

Haddad voltou a defender o aumento do tempo de permanência dos estudantes em sala de aula como forma de reduzir a desigualdade na Educação. Na última semana, a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) expôs mais uma vez a distância que separa a rede pública da privada: oito em cada dez escolas públicas ficaram abaixo da média nacional.

- Um dos maiores problemas da Educação brasileira está na questão da desigualdade de aprendizado entre os alunos. Metade dos brasileiros tem já alto desempenho escolar. A outra metade fica defasada, em função de razões socioeconômicas ou da baixa exposição ao conhecimento na escola. Temos que nivelar por cima as condições de ensino no país - disse o ministro.

O levantamento foi coordenado pelo economista Ricardo Paes de Barros, que é secretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Ele disse que o Brasil está entre os países que mais melhoraram o nível de aprendizagem na última década.

O problema é que a defasagem brasileira era tão grande que o país continua em má situação. No ritmo atual, segundo Paes de Barros, o Brasil chegará a 2021 com os estudantes atingindo o nível de conhecimento que os alunos chilenos detêm hoje. Por isso, enfatizou, o Brasil precisa acelerar a aprendizagem, ampliando investimentos e melhorando a gestão dos recursos.

- Em termos de custo, o aumento do ano letivo tem uma vantagem incrível: não precisa de mais espaço e usa os mesmos professores por mais tempo - disse Paes de Barros.

Haddad afirmou que espera concluir no fim do ano o debate com secretários estaduais e municipais de Educação sobre a melhor forma de aumentar a permanência dos alunos. Ele disse que é possível aproveitar um projeto de lei já aprovado no Senado, que amplia o ano letivo das atuais 800 para 960 horas.

- Hoje existem evidências fortes de que a carga horária anual é baixa no Brasil. Quatro horas por duzentos dias é um caminho que nenhum país está trilhando. Ou você tem mais horas por dia ou mais dias por ano, totalizando mais do que 800 horas - afirmou o ministro.

O que melhora a qualidade do ensino:

MESTRE: ter aulas com os melhores professores garante 68% a mais de aprendizado do que aprender com os piores professores. O estudo não esclarece quais critérios definiram os melhores e os piores docentes.

ANO LETIVO: 200 dias efetivos de aula garantem 44% a mais de aprendizado do que 190 dias, o equivalente a 6,6 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). O impacto de 20 dias a mais, como propõe o MEC, não foi calculado.

TURMAS MENORES: turmas com 15 alunos garantem 44% a mais de aprendizado do que turmas com 22 alunos, o equivalente a 6,6 pontos na escala do Saeb.

EXPERIÊNCIA DO MESTRE: professores com 3 a 5 anos de experiência garantem 22% a mais de aprendizado do que docentes sem experiência, o equivalente a 3,3 pontos na escala do Saeb.

ANO LETIVO NO MUNDO:


Japão: 243 dias
Coreia do Sul: 220
Israel: 216
Luxemburgo: 216
Brasil: 200
Holanda: 200
Escócia: 200
Tailândia: 200
Hong Kong: 195
Reino Unido: 192
Hungria: 192
Suazilândia: 191
Finlândia: 190
Nova Zelândia: 190
Nigéria: 190
França: 180
Estados Unidos: 180

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A cor da pele ainda nos distancia


Relatório da ONU mostra que negros e pardos tiveram mais acesso a garantias constitucionais, como Educação e saúde, mas o país está longe de tratar todos os cidadãos de forma igualitária

Ter sido aluna de Escola pública não fazia de Joyce Vieira de Castro Marra, 26 anos, uma minoria representativa dentro da universidade.

O que mais tornava rara a presença da aluna de pedagogia na instituição federal que cursou era a cor da pele. Formada em 2008, quando 7,7% dos negros alcançavam o ensino superior no Brasil, a atual professora representa um avanço nas políticas de igualdade racial no país.

Isso porque 20 anos antes apenas 1,8% dos negros cursavam uma faculdade. Apesar do aumento no acesso à Educação, a disparidade em relação aos brancos ainda assusta.

Essa é uma das conclusões de um estudo apresentado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Comissão de Legislação participativa da Câmara dos Deputados. Organizado em parceria com o Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010 analisa como garantias constitucionais, como Educação, saúde e previdência social, têm chegado a negros e brancos no país.E alerta: a desigualdade no Brasil diminuiu, mas ainda continua grande.

“O país avançou muito na universalização do ensino, por exemplo, mas a Educação ainda chega de forma diferente para brancos, pardos e negros”, destaca a pesquisadora do Laeser Irene Rossetto. Ela usa dados para exemplificar a constatação.

Em 1988, ano em que a Constituição Federal foi aprovada, 20% das crianças com 6 anos não frequentavam aEscola. Essa taxa hoje é de apenas 6,4%. Analisando mais de perto o cenário, entretanto, é possível ver a diferença. Enquanto 4,8% das crianças brancas nessa faixa etária estão fora da Escola, 7,5% das crianças pretas e pardas encontram-se nessa situação.

Mesmo entre os que têm acesso ao ensino há disparidades. Quando considerada a taxa de adequação, se o estudante está na série indicada para a sua idade, os negros continuam atrás. De uma forma geral, entre os jovens com 15 a 17 anos que deveriam estar no ensino médio, a taxa é de 34%. Se consideramos apenas os brancos, fica em 26,2%. No caso dos pretos e pardos, 20,1%.

Irene Rossetto destaca que os problemas atingem todas as etnias, mas alcançam de forma mais acentuada os negros. “A qualidade desse ensino é diferente. Até a estrutura e a segurança das Escolas onde estudam (os negros) costumam ser inferiores”, analisa.

Segundo ela, é fundamental que sejam aplicadas políticas afirmativas para reduzir ainda mais as desigualdades. “É preciso levar em conta que os negros partem de posições iniciais muito diferentes devido à dívida histórica que carregam. É preciso ter políticas que garantam não apenas cotas de participação, mas uma mudança no olhar, para que passem a ser vistas as limitações específicas”, defende.

Estar na universidade propiciou que Joyce tivesse essa nova perspectiva. Para ela, ter cursado a universidade garantiu não apenas uma profissão, mas o reconhecimento de sua raça. “Antes, eu achava que era morena. Foi na faculdade que tive contato com a desmistificação da beleza padrão”, explica. Quanto a eventuais episódios de preconceito, a pedagoga não dramatiza.

“Não gosto dessa coisa de mania de perseguição que alguns têm. Nunca fui impedida de entrar em algum lugar ou coisa do tipo. Mas a gente sente a discriminação de uma forma mais sutil”, lembra. “Quando alguém perguntava onde eu estudava e eu dizia que era na Universidade de Brasília, as pessoas se assustavam e perguntavam como eu tinha conseguido.”

Segundo Rebeca Tavares, representante da ONU Mulher, o relatório é um primeiro passo para diagnosticar a situação do país, mas ela afirma que a caminhada ainda é grande. “Sem o diagnóstico, é impossível propor políticas públicas que possam resolver o problema. Mas é preciso ser mais incisivo para acabar com o preconceito, ainda forte, persistente e universal”, avalia.

Baseado na Magna Carta

Esta é a segunda edição do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil. Ele compila e analisa dados oficiais de órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O novo número analisou como a Constituição de 1988 influenciou a evolução das desigualdades, já que, do ponto de vista social, ela é considerada progressista.

Um de seus princípios fundamentais é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Em queda

As disparidades raciais têm diminuído no Brasil, mas continuam grandes, segundo documento divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU)

Jovens entre 18 e 24 anos que frequentam a universidade

Em 1988
» 7,7% dos brancos
» 1,8% dos pretos e pardos

Em 2008
» 20,5% dos brancos
» 7,7% dos pretos e pardos

O aumento do acesso à universidade foi de 165,9% para brancos e de 321,6% para pretos e pardos

Jovens entre 15 e 17 anos matriculados no ensino médio

Em 1988
» 57,5% dos brancos
» 51,8% dos pretos e pardos

Em 2008
» 86,6% dos brancos
» 82,3% dos pretos e pardos

Jovens entre 15 e 17 anos que frequentam a série adequada para sua idade em 2008
» 34% dos brancos
» 20% dos pretos e pardos

Fonte: Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009 2010

Fonte: Correio Braziliense (DF)

Série exibe bons modelos de ensino


Canal Futura vai mostrar experiências de países bem colocados no Pisa

BRASÍLIA. Uma série do Canal Futura vai mostrar como funciona o sistema educacional em países que obtiveram boa colocação no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que qualifica o ensino pelo desempenho dos estudantes.

As experiências de Coreia do Sul, Canadá, Chile, Finlândia e da província de Xangai, na China, serão reveladas cada uma em um episódio de "Destino: Educação".

O canal também vai abordar a situação do Brasil - que, apesar de ter progredido nos últimos anos, amarga a 53ª posição na avaliação, que teve participação de 65 países. O programa foi lançado ontem em Brasília e vai ao ar em outubro.

O programa levou em conta o último ranking do Pisa, de 2009, para escolher os locais visitados. Cada um dos sete episódios será dedicado a um país, e o último será uma espécie de retomada da série, para discutir os pontos mais marcantes de cada experiência. A ideia não é transpor um modelo para o Brasil, mas trazer à tona modelos que possam servir de inspiração.

- Nenhum dos modelos que vimos pode ser aplicado aqui diretamente, mas há princípios inspiradores - diz a gerente do Canal Futura, Lúcia Araújo.

Ela cita como exemplo a filosofia do sistema finlandês, em que os melhores professores ficam responsáveis pelos alunos com pior desempenho.

- É a qualidade com igualdade. Ao contrário da Coreia do Sul, onde há competição a todo o custo - observa.

A série traz entrevistas com estudantes, educadores e gestores e vai à casa dos alunos mostrar a rotina de estudos e conversar com os pais.

Entre as questões abordadas estão o grau de preocupação dos governos com o ensino; a articulação entre as políticas macro e as práticas do dia a dia escolar; formas de valorizar o professor; e o papel da família naEducação.

O primeiro episódio é sobre Xangai, o primeiro lugar no Pisa mais recente. A série mostra alunos excelentes rodeados de pais exigentes e professores qualificados.

A dedicação ao ensino é tão alta que o governo baixou uma lei limitando as horas de estudo em casa. Em seguida, vem a Finlândia, onde o professor, para lecionar, precisa ter mestrado, no mínimo. O país incentiva a autonomia dos alunos - que, no ensino médio, podem escolher o que querem aprender.

O Chile, país mais bem colocado no Pisa entre os latino-americanos, aparece no terceiro episódio. Em seguida, o programa vai à Coreia do Sul para mostrar rotina escolar de oito horas e rigorosa disciplina em sala de aula - que, até bem pouco tempo, incluía castigos físicos.

O episódio sobre o Brasil revela que o país ainda está longe de um sistema satisfatório. O programa mostra os altos índices de repetência e evasão escolar, os baixos salários dos professores, a pouca formação dos profissionais e as poucas horas dos alunos na escola.

A série foi realizada em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) e com consultorias da socióloga e educadora Maria Helena Guimarães de Castro, do Todos pela Educação e da Comunidade Educativa


Fonte: O Globo (RJ)

Educadores aprovam utilização de games em sala de aula


Ainda não está claro quais serão os impactos reais dos jogos eletrônicos no desenvolvimento de crianças, mas as iniciativas para combinar conteúdo pedagógico com games vêm se multiplicando nas escolas

Ainda não está claro quais serão os impactos reais dos jogos eletrônicos no desenvolvimento de crianças e adolescentes, mas as iniciativas para combinar conteúdo pedagógico com o universo dos games vêm se multiplicando nas escolas brasileiras, com apoio dos educadores.

O tema, que permanecia restrito aos profissionais do ensino, ganhou destaque nesta semana, quando o governo federal anunciou que estuda reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre os jogos digitais, desde que eles tenham aplicação educacional.

Para Rosemeire da Silva, coordenadora do curso de espanhol do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, a junção entre Educação e games é uma das alternativas mais eficazes para resolver um dos principais dilemas contemporâneos no setor de Educação.

"Hoje, os alunos estão muito expostos à linguagem digital. Dessa forma, reunir esses elementos faz com que a gente se aproxime com mais facilidade do cotidiano dos estudantes", diz.

Na avaliação dos educadores ouvidos pelo Valor, mais do que reduzir essa lacuna, a associação com os recursos narrativos e gráficos dos jogos permite que os alunos ampliem o entendimento de conteúdos específicos e, ao mesmo tempo, desenvolvam aspectos como a colaboração e a interação com seus pares.

"Como lidam muito com desafios e superação de fases, os games acabam fazendo com que eles troquem informações e se ajudem", diz Kátia Aparecida de Castro, professora de ciências de ensino fundamental do Colégio Pueri Domus, de São Paulo.

No Rio, notas dos alunos de 410 escolas que usam jogos digitais são até 20% maiores que no restante da rede


Depois de adotar lousas digitais nas salas de aula em 2009 e distribuir netbooks e tablets aos alunos, o Pueri Domus identificou a necessidade de investir na oferta de games por meio do portal do colégio.

"A ideia era que eles não se limitassem às pesquisas na internet e que as aulas pudessem ter esse elemento lúdico", diz Kátia.

Vinicius Nobre, gerente de produtos da Cultura Inglesa, reforça outros fatores inerentes aos jogos digitais. "No nosso caso, eles permitem que o idioma seja um meio e não o objetivo final, ao contrário do que acontece nos métodos tradicionais. O estudante aprende sem perceber". A rede oferece mais de 100 jogos em seu portal.

O desenho dessas iniciativas não se restringe aos colégios particulares. No Rio de Janeiro, das 1.064 escolas da rede municipal, 410 contam com um programa pedagógico aliado a tecnologias e jogos digitais, batizado de Educopedia.

Nas séries iniciais do ensino fundamental o uso é interativo, com a mistura de animações e games que ajudam as crianças a fazer operações básicas de matemática, montar sílabas e até rimar.

Rafael Parente, da área de projetos estratégicos da Secretaria Municipal de Educação do Rio, conta que as notas das provas bimestrais das escolas que utilizam o Educopedia são, em média, de 10% a 20% superiores às do resto da rede.

"Devemos usar os jogos para a aprendizagem porque é a maneira mais fácil de ensinar, por reunir motivação e atrair o interesse da criança e do jovem para o aprendizado. Estamos fazendo forte campanha para convencer os professores mais resistentes para que o Educopedia seja totalmente difundido na rede", diz Parente.

O interesse das escolas começa a movimentar os fornecedores. Fred Vasconcelos, diretor-executivo da Joy Street, estúdio de desenvolvimento de games para Educação e treinamento, conta que a empresa foi formada há três anos, a partir de um projeto realizado para a Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco.

A companhia criou um portal de jogos com conteúdos temáticos que hoje é usado pelos alunos de 1,2 mil escolas da rede pública estadual. "Estamos expandindo nossos serviços e a projeção é crescer 80% em 2011", diz Vasconcelos.

Sergio Nesteriuk, professor do departamento de ciência da computação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), observa que já existe a vertente "serious games" na indústria de jogos eletrônicos. "Normalmente, os videogames estão associados à diversão, mas cada vez mais estão sendo usados para a Educação e o treinamento empresarial."

O especialista diz que os games podem ser úteis, mas recomenda alguns cuidados. O processo de criação deve ser acompanhado por educadores, e os jogos precisam ser atrativos porque são destinados a um público acostumado aos jogos comerciais.

"O game educacional não tem que competir com os blockbusters, mas se for muito chato, o tiro sairá pela culatra", afirma Nesteriuk.

O Colégio Bandeirantes seguiu essa regra ao criar um ambiente de jogos em seu portal para os alunos de espanhol. O projeto foi desenvolvido internamente pelo departamento de tecnologia e envolveu cinco pessoas, incluindo dois professores.

"Tivemos o cuidado de equilibrar os elementos para que os alunos pudessem aprender, mas de uma maneira prazerosa", diz Rosemeire, coordenadora do projeto.


Fonte: Valor Econômico (SP)

Aprender a aprender

Dom Pedro e Lula: um encontro... histórico

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Obras como ’1822′, de Laurentino Gomes, não educam, desinformam, mas encontram espaços nos meios de comunicação”, diz professora da USP


O livro 1822 desconsidera investigações e questionamentos que há mais de 30 anos vêm sendo desenvolvidos e divulgados por centenas de pesquisadores brasileiros e portugueses sobre o tema da Independência, dos quais resultaram não só profunda ampliação dos conhecimentos sobre a época como a superação de interpretações correntes.


Dedicado a “professores de História no seu trabalho anônimo de explicar as raízes de um país sem memória”, o livro banaliza a versão mais conservadora e simplificada das complexas circunstâncias nas quais foram delineadas a separação de Portugal e a fundação do Império do Brasil. O fio condutor da narrativa é, aparentemente, a vida de D. Pedro. Entretanto, para fazer uma “reportagem” e contar como o Brasil conseguiu “manter a integridade de seu território e se firmar como nação independente”, o autor se fundamentou em duas premissas: para ele, a Independência foi produto de “sorte, acaso, improvisação”, pois a desorganização interna era tamanha que só um “milagre” faria “dar certo” um país “que tinha tudo para dar errado”; desta forma, as decisões cruciais só poderiam ser tomadas por estrangeiros e portugueses -uma princesa austríaca, um militar mercenário inglês, D. Pedro, os deputados das Cortes em Lisboa e um “homem sábio”, José Bonifácio, inspirado pelos padrões europeus. Como o próprio autor afirma, o livro é um “mosaico” de personagens e episódios, mas não está livre de equívocos: na cronologia, por exemplo, 12 de outubro de 1823 aparece como data do fechamento da Assembleia Constituinte pelo imperador, quando o correto é I2 de novembro.


Os capítulos não formam propositadamente uma sequência, havendo idas e vindas no tempo e no espaço, e, além disso, a composição do texto pressupõe que a História seja um grande depósito de dados, que o observador arrebanha como quer, e com eles monta um tabuleiro manipulando fragmentos e dando-Ihes a fisionomia que considerar mais adequada ou palatável. A “técnica jornalística” que o autor diz adotar, contudo, não o inocenta do partido que tomou. O enredo apresentado – desmentido por obras que ele mesmo cita e pela literatura atualmente disponível -sugere que o voluntarismo de indivíduos comanda a História, que a sociedade brasileira, tanto no passado quanto no presente, é incapaz de se autogovernar, e que ainda estão por nascer o povo e a nação brasileiros. Edições como esta disparam, sobretudo, um alerta: não educam, desinformam, são conformistas e encontram espaço nos meios de comunicação.


CECÍLIA HELENA DE SALLES OLIVEIRA É DIRETORA DO MUSEU PAULISTA E PROFESSORA DA USP.


Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 6, n° 62, novembro de 2010. p. 92.

O espetáculo do Ipiranga: reflexões preliminares sobre o imaginário da Independência

Por  Cecilia Helena de Salles Oliveira - Museu PaulistalUSP

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um museu para entender a evolução da Terra

Por Vinicius Zepeda

Cerca de 20 mil rochas, minerais e fósseis compõem o acervo

Um cenário interativo simula a abertura da crosta terrestre tal como se estivéssemos vivenciando um terremoto. É o destaque da exposição Memórias da Terra, principal atração do Museu da Geodiversidade, espaço voltado para a divulgação do conceito que designa de que maneira a diversidade de rochas, solos e substratos terrestres influencia o desenvolvimento da vida em nosso planeta. Localizado no campus da UFRJ, no Fundão, é o primeiro museu sobre esse tema no mundo. Inaugurado em dezembro de 2008, o espaço ficou fechado cerca de dois anos para reformas e obras de melhoria de infraestrutura e será reinaugurado no próximo dia 14 de setembro. A reformulação do museu e a exposição contaram com apoio da FAPERJ através de três projetos apoiados pelo edital Difusão e Popularização da Ciência no Estado do Rio de Janeiro.

Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, pesquisador da UFRJ e um dos principais idealizadores do museu, o paleontólogo Ismar de Souza Carvalho fala sobre algumas das peças presentes na exposição. Ele destaca um estromatólito – conjunto de estruturas fossilizadas produzidas por algas verdes e azuis (cianobactérias) – com mais de uma tonelada. "Estas bactérias são responsáveis pelo aumento expressivo do oxigênio na atmosfera terrestre, o que possibilitou a explosão da vida no planeta", explica o paleontólogo. Também estarão expostas diversas informações sobre a origem de rochas e minerais. "Dentre elas, teremos um geodo de ametista, com peso de 2,5 toneladas, incrustado com cristais de mais de cinco centímetros", acrescenta.

A montagem de esqueletos completos, ou mesmo partes, de dinossauros e outros animais pré-históricos que habitaram a Terra há milhões de anos também farão parte da exposição. "Será a primeira vez que apresentaremos uma reconstituição completa do dinossauro gigante Amazonsaurus maranhensis, descrito originalmente em 2004", destaca Ismar Carvalho. Primeiro dinossauro descoberto na região da Amazônia, ele tinha hábitos herbívoros, doze metros de largura por aproximadamente quatro metros de altura, a mesma de um elefante africano", explica. Ele ainda chama a atenção para a reconstituição do crânio do crocodilo gigante Purussaurus brasilienses. "Encontrado no estado do Acre, região da Amazônia, ele chegava a ter 18 metros de comprimento e é até hoje o maior crocodilo já encontrado na Terra", complementa.

Outro ponto alto do Museu da Geodiversidade é a reconstituição do ambiente terrestre em sua origem, com destaque para o meteorito Uruaçu, composto principalmente de níquel e ferro, encontrado numa fazenda no interior de Goiânia e ainda pouco estudado por pesquisadores brasileiros. "Acredita-se que os meteoritos sejam restos de planetas que existiram no início da formação do sistema solar e se desprenderam no espaço. O registro desses materiais e seu estudo servem para contar um pouco do início da formação da Terra", acrescenta o coordenador dos Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFRJ, Emílio Velloso Barroso.

Numa parceria com a Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, alguns materiais geológicos foram resgatados em seu valor artístico. Trata-se da reconstrução de um dos portais, em tamanho real, da antiga Igreja dos Jesuítas, localizada anteriormente no Morro do Castelo, no centro do Rio, demolida durante as reformas urbanas do prefeito Pereira Passos", conta Emílio Barroso. "Esse trabalho é bastante relevante não apenas por resgatar um pouco da história de nossa cidade, mas também porque a igreja foi toda construída com calcário de lioz, material rico em registros geológicos e muito usado em antigos monumentos de Portugal, como o Mosteiro dos Jerônimos", acrescenta.

"Também teremos fósseis de animais que habitaram, há 350 milhões de anos, o interior dos estados do Paraná, Mato Grosso e Amazonas", afirma Ismar Carvalho. O espaço para exposições do museu tem pouco mais de 750 m² e é composto de recepção, corredor de atividades internas e exposições temporárias, além de loja, sala para exposições de longa duração ou permanentes e uma praça coberta. "Ali está abrigada a terceira maior coleção de fósseis do país, catalogada pelo sistema Paleo do Serviço Geológico do Brasil, com 20 mil exemplares de rochas, minerais e fósseis – só estes são 15 mil, com acervo disponível na internet", complementa.

Ismar Carvalho ainda destaca o aspecto educativo e as atividades voltadas para a divulgação das ciências com pesquisadores ligados ao museu. "Teremos um espaço para a exibição de filmes em três dimensões para o público", explica. Uma parceria com o programa Jovens Talentos da FAPERJ oferecerá bolsas de pré-iniciação científica para estudantes de ensino fundamental e moradores de comunidades do entorno da UFRJ atuarem como monitores em visitas guiadas ao espaço. "Desta forma, esperamos não somente difundir as atividades do museu para a população leiga, como tornar o espaço uma nova opção de lazer e educação científica para as populações do entorno da universidade", conclui.

O museu fica no campus Ilha do Fundão, da UFRJ (Avenida Athos Silveira, 274), no térreo do prédio do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). A região fica próxima às principais vias de acesso ao centro do Rio (Avenida Brasil, Linha Vermelha e Amarela). O local estará aberto para visitação pública e gratuita de segunda a sexta, das 9h às 17h.


Fonte: FAPERJ (http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=7507)


Livro resgata o papel das revistas ilustradas no Segundo Reinado

Por Débora Motta


Obra mostra a importância das revistas ilustradas no séc. XIX


As revistas ilustradas que circulavam no Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889) desempenharam um papel especial na história da imprensa brasileira. Numa época em que o acesso à fotografia era restrito e em que a sociedade se apoiava na leitura das letras, as revistas ilustradas foram responsáveis, em grande medida, pela circulação das primeiras imagens na imprensa brasileira, na forma de ilustrações. Esse tema é discutido no livro Revistas ilustradas – modos de ler e ver no Segundo Reinado (editora Mauad), organizado pelos pesquisadores Paulo Knauss, Marize Malta, Cláudia de Oliveira e Mônica Pimenta Velloso, e publicado com apoio do programa de Auxílio à Editoração – APQ3, da FAPERJ.

“É um livro que trata ao mesmo tempo da história da imprensa e da história da imagem no País, valorizando a cultura letrada e a cultura visual do Segundo Reinado”, resume Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao longo de três capítulos – “As revistas ilustradas no mundo dos impressos”, “As revistas ilustradas e seus temas” e “No tempo das revistas ilustradas” –, o livro reúne 11 estudos de diferentes autores que abordam, com perspectivas diversas, a imprensa e o mundo social oitocentista. “Os artigos destacam como o imaginário social brasileiro da época tem como referência a relação entre texto escrito e imagem que se estabeleceu na imprensa ilustrada”, diz Knauss.

De acordo com o historiador, a obra veio preencher uma lacuna bibliográfica sobre o tema. “A ideia de fazer um livro sobre o assunto surgiu da necessidade de se criar um material para atender as atividades acadêmicas de pesquisa sobre as revistas ilustradas da segunda metade do século XIX, que era escassa. Normalmente, a bibliografia sobre o século XIX valoriza muito a imprensa panfletária do Primeiro Reinado, que não é nosso objeto de estudo”, conta Knauss. Para ele, as revistas ilustradas contribuíram para formar no público leitor a cultura visual. “Hoje, associamos sempre a ideia de fotografia e notícia, mas antes da fotografia, a gravura já circulava nas revistas ilustradas. A introdução desse tipo de imagem, a maioria em preto e branco, renovou a imprensa escrita”, explica o autor do prefácio da coletânea.

Diversidade de temas

Com reportagens sobre variedades e atualidades, ilustrações de moda e sátiras políticas, representadas pelas caricaturas, as revistas ilustradas abordavam temas diversos. “Essas revistas eram, muitas vezes, produzidas no Rio de Janeiro, a sede do Império, e distribuídas para outras províncias, onde eram balizadoras da moda, do comportamento e fonte de notícias da época”, explica a organizadora do livro Marize Malta, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as revistas ilustradas que circulavam na época do Segundo Reinado estavam o Museu Universal – Jornal das Familias Brazileiras, Minerva Brasiliense, Ostensor Brasileiro, A Estação e O Jornal das Senhoras. Elas apresentavam a informação visual por meio de estampas encartadas e/ou ilustrações impressas na própria página, junto ao texto, por clichê ou processos litográficos.

Em um dos artigos do livro, intitulado “Fundo, detalhe e satisfação visual: decoração doméstica em A Estação”, a professora Marize Malta apresenta um estudo de caso de A Estação – Jornal Illustrado para a Família. A revista se propunha a mostrar, especialmente ao público feminino, as últimas tendências europeias da decoração de interiores e atendia aos anseios da “boa sociedade carioca”, interessada na escolha de mobília e decoração como símbolo de status social. Contudo, abordava também temas como moda, comportamento e literatura. “A Estação colocava as senhoras a par das modas parisienses, trazendo inclusive os moldes dos vestidos franceses”, conta.

A revista quinzenal A Estação, assim como outras da época, refletia a forte influência francesa nos costumes da época. Era uma versão brasileira da parisiense La Saison. “Os editores compravam os clichês, ou seja, as ilustrações de moda e decoração, da revista francesa e traduziam os textos para o português, mas a parte literária e de colunismo social da revista era escrita por brasileiros.” De acordo com a professora, um dos escritores brasileiros que se destacaram na publicação foi o imortal Machado de Assis, autor de folhetins – capítulos romanescos publicados periodicamente nas revistas ilustradas, que foram os ancestrais das atuais novelas.

Retratos de uma época, as revistas ilustradas tiveram o mérito de colocar as imagens não apenas como fonte de informação complementar ao texto, mas muitas vezes como a principal fonte de informação, além da palavra. “A imagem era tão importante quanto o texto nas revistas ilustradas. Elas construíam o conhecimento”, destaca Marize Malta. Por esse motivo, as imagens são destaque na edição do livro Revistas ilustradas – modos de ler e ver no Segundo Reinado, ricamente ilustrado com os periódicos em análise. “O apoio da FAPERJ foi importante para poder publicar as imagens dessas revistas, discutidas na obra com uma edição de qualidade, toda em papel couché”, conclui.

Fonte: Faperj

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Pobreza emburrece?" - por Gilberto Dimenstein

PARA QUEM estuda o cérebro, a resposta da pergunta que está no título é sim: a pobreza emburrece.

Apenas metade da inteligência de um indivíduo pode ser explicada pela herança genética, segundo estudo divulgado neste mês pela Universidade de Edimburgo, que envolveu cientistas de diversos países. O restante da composição do QI vem do ambiente em que se vive e dos estímulos educacionais recebidos desde o berço. Simplificando: um Einstein nascido na miséria, sem apoio para aprender, até seria inteligente, mas dificilmente um gênio. Alguém com potencial de ter uma alta inteligência torna-se apenas mediano. É como se um músculo deixasse de ser desenvolvido.

Chegou-se a essa conclusão depois de testes laboratoriais com 3.118 pessoas espalhadas pelo mundo. Imaginava-se que as forças externas seriam bem menores na formação do QI. Tradução: inteligência é uma habilidade que, em boa parte, se aprende, depende da família e das oportunidades na cidade.

É um ângulo interessante para ver a parceria, anunciada na quinta-feira, entre a presidente Dilma Rousseff e os governadores da região Sudeste de unificação de seus programas de complementação de renda para combater a pobreza, batizado de Brasil sem Miséria.


Menos miséria acarreta mais inteligência?

A pesquisa dos neurocientistas ajudou-me a ver por outro ângulo um dos projetos mais emocionantes que conheço (Ismart) no Brasil: jovens de baixa renda, a maioria deles vindos de comunidades pobres, são escolhidos e preparados para estudar em escolas de elite.


Quase todos eles costumam entusiasmar seus professores porque, apesar da adversidade extrema (muitos passam parte do dia no trajeto de ônibus até a escola), conseguem recuperar a cada ano o tempo perdido. Logo estão no mesmo nível de aprendizagem de seus colegas mais abastados e até os superam, entrando nas melhores faculdades.

Conheci vários desses jovens e tendia a atribuir sua performance à garra, a uma inteligência acima do normal, tudo isso, é claro, favorecido por escolas de qualidade.

O que impressiona a todos é a rapidez da evolução. O que aquela pesquisa da Universidade de Edimburgo traz é a suspeita de que, com tantos estímulos, desafios e apoio, a taxa de QI possa ter sofrido um upgrade -afinal, nessa fase o cérebro ainda está em formação.


É, por enquanto, apenas uma especulação.

O que não é uma especulação é o caminho inverso, mostrando a relação entre pobreza e aprendizagem. Com apoio do Unicef, o Cenpec analisou, desde o ano passado, 61 escolas de de São Miguel Paulista, região da periferia da cidade de São Paulo. Já sabemos que, em geral, quanto mais pobre um bairro, pior tende a ser a nota dos alunos.

Mas essa investigação foi mais longe. Analisou as escolas de uma mesma região, comparando alunos com semelhante posição socioeconômica. Detectou-se uma expressiva diferença segundo as peculiaridades de cada território, especialmente a oferta de serviços públicos em cada um deles.

Nos lugares com menos serviços públicos, as demandas sociais tendem a sobrecarregar mais as escolas e, com isso, afastam ainda mais os professores e as famílias que têm maior repertório cultural. Nesses locais, há menos oferta de creche e pré-escola, retardando o processo de aprendizagem.

Esses programas da renda mínima unificados (acertadamente) por Dilma e os governadores têm como contrapartida a permanência dos alunos nas escolas. Mas a subida da renda, a julgar pelas descobertas da pesquisa do Cenpec, será limitada à aprendizagem dos alunos se não houver um investimento e articulação nos territórios.

Nem será justo que se avaliem essas escolas com padrões semelhantes aos das demais, já que os professores, mesmo os mais capacitados, terão uma margem de manobra limitada.

Programas como o Bolsa Família são um bom exemplo de política para a redução da miséria. E, por isso, têm um efeito eleitoral, mas terão um baixo impacto educacional caso não se perceba o território como uma extensão da sala de aula.

Não pensar na educação como uma linha que passa pela família, pela escola e pela comunidade é falta de inteligência pública.

PS- Por falar em políticas públicas e territórios, será lançado no começo de setembro um aplicativo para celular por meio do qual as pessoas poderão, em tempo real, relatar suas impressões sobre a cidade. Gera-se, no final, um mapa das percepções de toda a cidade e seus problemas rua por rua. Desenvolvido pelo Movimento Mais Feliz, comandado pelo publicitário Mauro Montorin, o projeto deve ser encampado pelo Facebook para ter amplitude internacional.

Folha de S.Paulo - Edição de 21/08/2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Blogs de ciências e matemática ajudam no desempenho de alunos

Os alunos aprendem a criar seus próprios blogs

A professora Elayne Stelmastchuk sempre gostou das novas tecnologias e, quando elas chegaram a sua escola, procurou logo se atualizar a fim de utilizá-las na sala de aula. Formada em ciências com habilitação em matemática, com pós-graduação em instrumentalização para o ensino de ciências, ela mantém dois blogs. Também estimula os alunos a criarem os seus, pois acredita que essas ferramentas contribuem para melhorar o ensino-aprendizagem, de forma colaborativa e dinâmica.

Professora há mais de 20 anos, Elayne leciona na Escola Estadual Dr. Aloysio de Barros Tostes, em Nova Fátima, a 328 Km de Curitiba, no norte do Paraná, onde dá aulas de ciências e matemática para turmas do 6º ao 9º ano (5ª a 8ª série) do ensino fundamental. Seu primeiro blog, criado em janeiro de 2010, aborda o tema ciências; o segundo trata de matemática. Os dois foram criados com o mesmo objetivo: proporcionar a inclusão digital dos alunos, melhorar o ensino aprendizagem e ampliar o espaço presencial de aprendizagem para o virtual.

Ela iniciou a implementação do projeto de blog com os estudantes dos sétimos anos. Eles ficaram interessados em participar e utilizaram o blog de ciências da professora para pesquisar, ver vídeos sobre assuntos estudados em sala de aula, enviar dúvidas e sugestões. “Como incentivo, sugeri que cada equipe construísse seu próprio blog dentro de uma temática na disciplina de ciências. Assim, vários blogs foram construídos”, conta Elayne.

Ela diz que utiliza esses blogs durante as aulas no laboratório digital da escola e sempre procura estimular os alunos a acessarem e fazerem pesquisas fora do espaço escolar. “Este projeto contribuiu muito para a aprendizagem. Houve uma melhora significativa e com ele foi possível que os alunos tivessem outra visão sobre o uso desta ferramenta, que para muitos era utilizado apenas para jogos”, salienta. De acordo com a professora, nessas ocasiões ela também abordou assuntos como os cuidados necessários e as regras de comportamento recomendadas para uso na internet - a netiqueta.

(Fátima Schenini)

Fonte: Portal do Professor (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=1795)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O maior desafio da Educação


Ensinar a ler ? isto é, alfabetizar ? é o primeiro e maior desafio da escola

Em meio a tantos, é possível definir o maior problema da Educação? Quando falamos de Educação, estamos falando de Escola, cuja principal função é transmitir conhecimentos e desenvolver a capacidade de continuar aprendendo. O principal instrumento para aprender é a leitura. Portanto, ensinar a ler – isto é, alfabetizar – é o primeiro e maior desafio da Escola.

Mas a escola pública não tem conseguido fazer isso para a maioria da população. Qualquer um sabe diferenciar uma criança que sabe ler e escrever de uma que não sabe. Basta fazer um ditado ou dar-lhe um livro para ler. Nas Escolas particulares, as crianças concluem o 1º ano lendo e escrevendo. Por que na Escola pública isso não ocorre? Conhecemos as explicações: “Cada criança tem seu tempo, é preciso respeitá-lo”; “não existe idade certa para alfabetizar”; “é preciso deixar a criança descobrir sozinha e não atropelá-la com instruções...”

Nada disso, porém, condiz com as evidências científicas acumuladas nas últimas décadas pelos cientistas do mundo todo que estudam como as crianças aprendem a ler e escrever e quais as estratégias mais eficientes para promover essa aprendizagem. O Brasil começa a despertar, lentamente, para o problema. Diversos municípios e algumas redes estaduais – notadamente as de Sergipe e Ceará, no Nordeste – têm desenvolvido políticas dealfabetização mais eficientes. Mas isso ainda não é a norma. E nem todas as iniciativas produzem iguais resultados.

A Prova Brasil mostra que metade dos alunos do 5º ano não sabe ler e escrever textos simples. O país patina na alfabetização devido a dois problemas. O primeiro é a descaracterização do que significa alfabetizar. Aquilo que qualquer pai ou mãe sabe identificar e deseja — ou seja, que seu filho aprenda a ler e escrever no 1º ano de Escola— passou a ser objeto de especulações entre os educadores. Alfabetizar passou a ser confundido, por exemplo, com ser capaz de compreender um texto... E com isso se perdeu a noção de que a criança deve ser alfabetizada no 1º ano.

O segundo problema é a questão do método. O Brasil leva 30, quase 40 anos, sem dar orientações consistentes nessa área, como se método de alfabetização não fosse importante. A maioria dos professores não tem formação mínima para alfabetizar e as cartilhas distribuídas pelo MEC são um descalabro. As universidades continuam omissas e desatualizadas.

Após anos de inércia, o país começa a despertar. Neste ano, o Brasil foi palco de vários seminários nacionais e internacionais onde mais de 50 cientistas de seis países apresentaram suas pesquisas sobre alfabetização. Dia 10 de agosto, dois deles darão palestras em Jaboatão dos Guararapes, falando das evidências científicas sobre quais as metodologias mais eficientes para se alfabetizar, segundo estudos feitos no mundo todo. Eles devem trazer importantes contribuições para as redes de ensino interessadas na eficácia daalfabetização.

(sobre o seminário: www.alfaebeto.org.br)

João Batista Araujo e Oliveira
Presidente do Instituto Alfa e Beto

Fonte: Diário de Pernambuco (PE)

[BRASIL ESCOLA] A Assembléia Constituinte de 1823

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vereador diz que professores são inúteis e causa polêmica em SP


Críticas foram publicadas na internet; segundo a polícia, vereador de Jacareí pode responder por injúria

Um vereador de Jacareí, no Vale do Paraíba, interior paulista, postou na rede social Facebook críticas aos professores e à educação. Dario Bueno, do Democratas, mais conhecido como Dario Burro, escreveu que os professores são inúteis e que não gostam de dar aula. As declarações provocaram revolta na cidade.

O diretor do Sindicato dos Professores, Roberto Mendes, foi até à Câmara da cidade nesta terça-feira (9) e expôs no plenário a indignação da categoria. "Isso, no nosso entendimento é calúnia, é difamação. Então, ele deve responder pelo o que ele fala, ele é um homem público", disse Mendes.

Até esta terça-feira, não havia nenhuma representação contra o vereador na Câmara da cidade. Se isso for feito, o pedido será analisado pela Comissão de Ética e ele pode sofrer punições.

Na sessão da Câmara desta terça-feira, o vereador comentou a polêmica, disse não se arrepender dos comentários que fez e que acredita ser livre para expor suas opiniões. "Eu estou sendo sincero e ninguém espera sinceridade das pessoas, quanto menos os políticos", disse o vereador.

Se for denunciado, o vereador deve responder criminalmente pelas declarações. "Em tese, poderá configurar crime de injúria pela forma como ele fez essas declarações ofensivas, genéricas a uma categoria profissional dos professores", explicou o delegado Roberto Martins.

Neste tipo de crime de injúria, o culpado pode pegar até seis meses de detenção. O Sindicato dos Professores informou que ainda não fez uma representação na Câmara porque ainda vai se reunir para decidir que medidas tomar.

O vereador se defendeu, novamente atacando os professores. "Eu não tenho essa preocupação e creio que isso não procede. Mas, isso também demonstra o perfil autoritário do professor. Toda vez que ele é contrariado, ele quer punir quem o contraria de alguma maneira. Dentro da sala de aula, levando para a diretoria ou reprovando e fora da sala de aula levando para a delegacia ou Judiciário

terça-feira, 9 de agosto de 2011

I CONGRESSO SUL-AMERICANO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

I CONGRESSO SUL-AMERICANO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
12 a 15 de setembro de 2011
Rio de Janeiro
Locais: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)


A Questão Agrária na América do Sul


Primeira Circular - CHAMADA DE TRABALHOS


A Comissão Organizadora do I Encontro Sul-americano de Estudos Agrários vem convidá-lo(a) a participar deste evento, a realizar-se no período de 12 a 15 de setembro de 2011, nas dependências da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).


Comunicações coordenadas:


Os interessados em apresentar trabalhos tem até 25 de agosto de 2011 para encaminhar o resumo para o e-mail estudos.agrarios@gmail.com. Lembramos que o trabalho encaminhado deverá estar relacionado com um dos Eixos Temáticos abaixo:


 Conflitos rurais no Brasil e na América Latina;
 Etnicidade e ruralidade: novas perspectivas;
 A questão da propriedade fundiária;
 Legislação agrária;
 Conflitos sociais no campo;
 Relações de trabalho no mundo rural;
 Políticas públicas para o agro;
 A questão ambiental;
 Desenvolvimento Regional.

Normas de apresentação


1. RESUMO:


O resumo deve conter no máximo 250 palavras, em fonte Times New Roman, tamanho 11, justificado, espaçamento entre linhas 1,5. O resumo deve apresentar, com clareza, os seguintes itens: objetivos, indicação da metodologia e resultados esperados ou obtidos. Devem ser inseridas de 3 a 5 palavras-chave.


2. TEXTO COMPLETO:


Máximo de 20 páginas, fonte Times New Roman 12, espaço 1,5, em papel tamanho A4, folha de rosto contendo o título do texto, nome, filiação institucional e correio eletrônico do autor, resumo (de até 10 linhas) e de 3 a 5 palavras-chave.


Informamos que o evento tem abrangência internacional e que os trabalhos selecionados serão publicados em CD-ROM. Essa publicação foi registrada no IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e possui ISSN.


Pôsteres


Alunos de graduação poderão apresentar seus trabalhos na modalidade de pôster.
Os interessados devem enviar o resumo do trabalho até o dia 25 de agosto.


Ouvintes:


As inscrições estão abertas e devem ser feitas através do e-mail estudos.agrarios@gmail.com até o dia 10 de setembro. Lembramos que as vagas são limitadas.


CRONOGRAMA


Envio dos resumos (pôsteres e comunicações)
até 25/08


Divulgação dos trabalhos selecionados 02/09


Envio dos textos completos para publicação nos anais 02 a 05/09


Inscrições ouvintes até 10/09


Realização do evento 12 a 15/09


Inscrições ouvintes*


Alunos de graduação: R$ 15,00


Alunos de pós-graduação: R$ 30,00


Professores do ensino fundamental e médio: isentos


Outros: R$ 35,00


Inscrições apresentadores


Comunicações: R$ 40,00


Pôsteres: R$ 20,00


* VAGAS LIMITADAS


COMISSÃO ORGANIZADORA:


Vanderlei Vazelesk Ribeiro (UNIRIO)
Graciela Bonassa Garcia (UFRRJ)
Leonilde Sérvulo de Medeiros (UFRRJ)
Maria Verónica Secreto (UFF)

COMITÊ CIENTÍFICO:
Claudia Santos (UNIRIO)
Elione da Silva Guimarães (Arquivo Público de Juiz de Fora)
Helen Osório (UFRGS)
João Márcio Mendes Pereira (UFRRJ)
Paulo Pinheiro Machado (UFSC)