quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Aos 80 anos, Thomas Skidmore diz que soube do golpe militar um dia antes (Folha de S. Paulo, 05/11/2012)

LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A WESTERLY (RHODE ISLAND)

Decano dos brasilianistas, o americano Thomas Elliot Skidmore, 80, recorre às suas lembranças do Brasil para tentar retardar a perda da própria memória.
Padecendo de Alzheimer em estágio inicial e de síndrome do pânico, o historiador está retirado da vida pública desde novembro de 2009, quando deixou de andar e se mudou para um discreto asilo no interior dos EUA.
Alojado em um quarto dividido para dois pacientes, Skidmore no momento está só. Mas ele prefere assim, já que se relaciona apenas com as enfermeiras. Elas também parecem gostar dele.

Lucas Ferraz/Folhapress

Brasilianista Thomas Skidmore, em seu quarto em asilo na cidade de Westerley
Brasilianista Thomas Skidmore, em seu quarto em asilo na cidade de Westerley
No local, tudo remete ao Brasil --fotos na parede, livros, diplomas, cartazes de conferências e souvenirs.
A Folha teve acesso exclusivo ao local, em Westerley, cidade de 20 mil habitantes em Rhode Island, o menor dos Estados americanos, na costa leste do país.
Durante a entrevista, ele revelou que soube com antecedência do golpe de 1964, informação que ocultou nos livros e também nos diários que escreveu sobre o Brasil, consultados pela reportagem dias antes da visita, na Universidade de Brown. Todo seu arquivo pessoal foi liberado no final do mês passado.
Skidmore jantou no Rio com o embaixador americano Lincoln Gordon um dia antes do golpe, em 31 de março de 1964. "Ele foi passar um telegrama para Lyndon Johnson [presidente dos EUA] contando as novas e pedindo que o governo americano reconhecesse o novo regime. Ele disse que tinha ganhado."
AMIGOS
No esforço de tentar driblar um dos efeitos mais nefastos da doença --a perda da própria identidade--, o americano escreve suas memórias sobre os brasileiros que lhe ajudaram a desvendar o Brasil.
"Tudo o que escrevi não era uma explicação ou interpretação minha, de gringo, mas de meus amigos brasileiros", conta. "Meu conhecimento do país vem todo deles. Não é à toa que a amizade é uma das mais fortes características do Brasil."
São nomes como o cientista político Hélio Jaguaribe, o jornalista Francisco de Assis Barbosa (1914-91), o advogado e político San Tiago Dantas (1911-64), além do editor Fernando Gasparian (1930-06), do historiador Caio Prado Júnior (1907-90) e do ex-deputado e jornalista Márcio Moreira Alves (1936-09).
Autor de livros clássicos da historiografia brasileira, como "De Getúlio a Castelo" e "De Castelo a Tancredo", que contemplam o que de mais importante aconteceu no século 20, e "Preto no Branco", estudo da questão racial, Skidmore teve grande influência na escrita da história contemporânea do país.
Enquanto intelectuais e historiadores brasileiros estavam exilados durante a ditadura (1964-85) ou mais interessados no Brasil Colonial, ele encontrou terreno fértil e acesso a fontes privilegiadas para contar, diz, o nascimento do Brasil contemporâneo.
"Muita gente pensava o Brasil nos EUA na lógica comunista-anticomunista, o que é um erro". Incentivado por Harvard, ele trocou a história da Alemanha e do nazismo pelo Brasil, integrando uma geração de americanos especialistas em países da América Latina formados após a Revolução Cubana.
As universidades incentivavam e o fenômeno virou até política de Estado da Casa Branca. O americano se irrita sobre o assunto: "Sou um produto de Harvard, não tenho nada a ver com o Departamento de Estado ou com a CIA, como muitos pensam".
A primeira viagem ao Brasil, aos 29 anos, ocorreu dias após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. "Tive o privilégio de chegar ao Brasil num momento crucial da história", disse. "Isso foi decisivo."
Ainda lúcido --a fase inicial do Alzheimer começa por afetar a memória recente--, Skidmore recebeu a Folha com vinho branco, que ele diz beber todos os dias.
A mulher, Felicity, 76, que mora na casa de praia da família em Westerly, o visita todos os dias, além de algum outro amigo americano.
Ele diz que ainda está tentando entender seu "novo mundo". "Entrei em uma nova realidade, que é diferente de tudo o que eu conhecia", diz. "É um mundo de mulheres que cuidam de velhos."

XVII CONGRESO INTERNACIONAL DE AHILA

Já está disponível na web a página do XVII CONGRESO INTERNACIONAL DE AHILA, que se realizará no período 09 a 13 de setembro de 2014, na Universidade Livre de Berlim. 
 

Publicação do Dossiê História e Cinema

Está no ar o número 27, vol.19 da Esboços, Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, cujo tema do Dossiê é História e cinema.

O Dossiê coordenado pelo
professor Alexandre Busko Valim e conta com artigos de Alberto da Silva (fr), Ciro Flamarion Cardoso, Cristina Souza da Rosa (es), Fabio Gabriel Nigra (ar), Gloria Camarero Gomez (es), Josep Maria Caparroz Lera (es), Michele Lagny (fr), Nancy Berhier (fr), Mariana Piccinelli (ar), Florencia Dadamo (ar), Leandro Della Mora (ar), Rosana Elisa Catelli, Rafael Rosa Hagemeyer, Alexandre Pedro de Medeiros, Sheila Schvarzman, Tania Montoro, Michel Peixoto e Michelly Cristina da Silva.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Chamada - revista "Cultura histórica & Patrimônio" (v. 1, n. 2)

A revista Cultura histórica & Patrimônio é um periódico eletrônico do curso de História da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), de periodicidade semestral, dedicado à publicação de artigos originais, resenhas de livros e entrevistas da área de História, com ênfase para a produção acerca da Cultura histórica, do Patrimônio e da Educação histórica.

Para o segundo número da publicação, previsto para dezembro de 2012, o Comitê Editorial receberá trabalhos no período de 17 de setembro a 20 de novembro de 2012.

Os textos devem ser encaminhados por meio da plataforma da revista, disponível no seguinte endereço eletrônico:

Mais informações podem ser obtidas no endereço eletrônico da revista Cultura histórica & Patrimônio.

ILBH oferece curso “As articulações imperiais no espaço Atlântico”



O Instituto Luso Brasileiro de História irá oferecer gratuitamente nos dias 16, 23 e 30 de outubro, das 14h às 17h, o curso “As articulações imperiais no espaço Atlântico”. Ministrado pelo professor Wilmar Vianna, Doutor em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o curso tem por objetivo refletir sobre as conexões entre Portugal e os territórios ultramarinos, nos séculos XVI e XVII.

Voltado para historiadores, estudantes de História e demais interessados, o curso busca dar uma visão mais aprofundada e estruturada sobre política e administração, economia e formas de pensamento, entendidos como pilares sobre os quais se construiu a soberania da Coroa portuguesa em áreas tão distantes, quanto distintas.

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES NA SECRETARIA DO LICEU LITERÁRIO PORTUGUÊS
RUA PEREIRA DA SILVA, 322. Laranjeiras.
Informações e inscrições pelo telefone: 2225-4362 ramal 30.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Revista Em tempos de História - Submissão de Artigos

A Revista Em Tempo de Histórias está aberta para submissão de artigos para a Edição n. 21(2012/2), com o dossiê temático "Ensino da História".

Os artigos devem ser encaminhados para submissão até 05 de novembro de 2012.

Além dos artigos do dossiê temático, a Revista está aberta para submissão de artigos das mais diversas temáticas dentro da aréa de História.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Oficina de Estudos da Preservaçã​o IPHAN - 05/09/2012

REVISTA ANOS 90 (UFRGS)

Dossiê: História Indígena na América. REVISTA ANOS 90 (UFRGS), v. 18, n. 34 (2011). Número organizado por Eduardo Neumann.


http://seer.ufrgs.br/anos90/issue/current/showToc

V Concurso de Teses sobre Defesa Nacional


Já estão abertas as inscrições para o V Concurso de Teses sobre Defesa Nacional.

Promovido pelo Ministério da Defesa, por intermédio do Departamento de Pessoal, Ensino e Cooperação, o concurso visa estimular o desenvolvimento de pesquisas e estudos acadêmicos sobre Defesa e Segurança Nacional e Internacional, em especial no meio civil.

Neste ano, serão premiadas Teses de Doutorado e Dissertações de Mestrado que tenham sido aprovados no período de 1° de janeiro de 2010 a 1° de agosto de 2012, em programas de pós-graduação stricto sensu no âmbito dasCiências Humanas, Sociais Aplicadas e Afins, integrantes do sistema de avaliação da pós-graduação da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A premiação consistirá em pagamento em dinheiro, aos autores dos trabalhos vencedores em cada uma das categorias, com os valores a seguir:

- Categoria Mestrado:

1° lugar: R$ 10.000,00
2° lugar: R$ 7.000,00
3° lugar: R$ 5.000,00

- Categoria Doutorado:

1° lugar: R$ 12.000,00
2° lugar: R$ 9.000,00
3° lugar: R$ 7.000,00

Informações sobre como se inscrever em: https://www.defesa.gov.br/projetosweb/teses/

sexta-feira, 1 de junho de 2012

I Encontro de História da UGF

O Departamento de História da Universidade Gama Filho (RJ) convida alunos de graduação, pós-graduação, egressos e professores de História e áreas afins para o I Encontro de História da UGF a ocorrer nos dias 01, 02 e 03 de agosto de 2012 no campus Piedade.

O evento busca se estabelecer como uma oportunidade para que pesquisadores possam trocar experiências acerca de suas produções e, portanto, contará com Minicurso, Conferências e Mesas de Comunicação. O Minicurso (que terá o número de vagas limitado) será ministrado pelo Prof. Mestrando Artur Malheiro (UNIRIO) e abordará o tema O Cinema como Fonte: História, Reflexões e Análises.

Os valores para as inscrições são R$10,00 para ouvintes; R$10,00 para o Minicurso e R$20,00 para apresentação de comunicação (abertas para titulação mínima de graduando). Para as três modalidades de inscrição serão emitidos certificados, sendo que os proponentes cujas propostas de comunicação forem aceitas poderão ainda publicar o texto completo nos Anais do evento.

Maiores informações no blog do evento: http://ehugf.blogspot.com.br/


Comissão Organizadora do I Encontro de História da UGF:

Prof.ª Dr.ª Carolina Coelho Fortes (UGF – PEM/UFRJ)
Prof.ª Doutoranda Márcia Cavalcanti (UGF – IBICT/UFRJ)
Prof. Mestrando Wendell dos Reis Veloso (PPHR/LITHAM/UFRRJ - CAPES)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Chamada de trabalhos - III Seminário Internacio​nal Políticas Culturais - FCRB

VI Rodada Latino-Americana: "Entre novas e antigas potências mundiais”

LEAL - Laboratório de Estudos da América Latina
VI Rodada Latino-Americana: "Entre novas e antigas potências mundiais”
03 de Maio (quinta-feira)14h30
Auditório da Escola de Serviço Social
Praia Vermelha - UFRJ

“Entre novas e antigas potências mundiais”
Coordenador: Marcelo Coutinho (UFRJ)

1. "Aprendendo com quem fez: o que a institucionalização europeia tem a ensinar ao MERCOSUL?"
Ana Paula Tostes (UERJ)

2. "Brasil, Estados Unidos e América Latina: a relação triangular em tempos de novas geometrias globais"
Maurício Santoro (FGV)

3. "Os BRICS como atores do desenvolvimento: cooperação e concorrência".
Adriana Abdenur (IRI-PUC/RIO e Brics Policy Center)

Observações:1. Serão entregues certificados de presença para os ouvintes2. Não é necessária a inscrição3. Qualquer dúvida, envie um email para: lealufrj@gmail.com.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Chamada Pública de Trabalho / Revista Em Tempo de Histórias

A Revista do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da UnB, Em Tempo de Histórias, abre chamada pública de trabalhos – artigos, resenhas, entrevistas, trabalhos traduzidos, transcrição de documentos – para seu próximo número, a saber:
Nº 20 (2012) - Dossiê: História e Direitos Humanos


Data limite para submissão de trabalhos: 15 de maio de 2012

Haverá duas modalidades de publicação: Dossiê, no qual serão publicados artigos sobre a temática acima referendada e, Sessão livre, onde os autores poderão publicar textos de temáticas diversas.


As propostas de trabalho poderão ser submetidas diretamente pelo site da Revista http://seer.bce.unb.br/index.php/emtempos/index  ou enviadas para o e-mail emtempodehistorias@gmail.com  


Informamos também, que todos os trabalhos submetidos estarão sujeitos à análise e parecer do Conselho Consultivo da Revista, composto, em sua maioria, por professores do Departamento de História da UnB.


As diretrizes para autores encontram-se no seguinte link http://seer.bce.unb.br/index.php/emtempos/about/submissions#authorGuidelines

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Chamada de artigos - ReMeH

A Revista do Mestrado de História (ReMeH), Qualis B3, convida os interessados a participar dos próximos dossiês temáticos e contribuir com artigos livres em fluxo contínuo.


Os próximos dossiês:


Ditaduras e democracias no mundo contemporâneo (prazo de envio: 10 de maio de 2012)


Independências e movimentos sociais (prazo de envio: 18 de junho de 2012)

Sobre a revista:


Criada em 1998, a ReMeH busca consolidar um canal de diálogo constante entre seu Programa de Pós-Graduação em História Social, a comunidade acadêmica e a sociedade civil. De periodicidade semestral desde 2008, busca contribuir como veiculo de divulgação científica e campo de debate no campo da investigação histórica; igualmente estimulando o diálogo interdisciplinar. Os autores de artigos que queiram participar devem ao menos já possuir título de mestre e apresentar artigos inéditos que possam contribuir para o espessamento tanto vertical como horizontal do conhecimento histórico nacional e internacional.


Cada número da revista possuirá artigos referentes ao dossiê temático, além de artigos livres e uma seção de resenhas.

Sobre o envio dos originais:


Os originais não deverão ultrapassar 25 páginas. Sendo escritos em Times New Roman, tamanho 12 com alinhamento justificado e espaçamento entre linhas de 1,5. Os originais deverão ainda ser acompanhados de uma folha de rosto onde constarão os seguintes elementos: título, tamanho 14, espaçamento simples, centralizado em caixa alta; identificação do autor com filiação institucional, tamanho 12; resumo em português e inglês com cinco palavras-chave.


Quanto ao texto, as margens devem ser: 2,5 para margens superior, inferior e direita; 3,0 para margem esquerda. As citações com mais de três linhas devem ser destacadas do texto, corpo 11 com espaçamento simples, sem aspas, alinhadas à direita, com recuo de 3,0 cm, sendo o parágrafo de 1,5 cm.


As notas de rodapé devem ser somente explicativas. Já as referências devem estar contidas no corpo do texto, obedecendo o seguinte formato: (ABREU, 2005, p. 48).


Para referências e citações, por favor, seguir respectivamente as normas da ABNT: NBR 6023 e NBR 10520.


Informações referentes às normas utilizadas podem ser consultadas no endereço http://www.uss.br/page/revistamestradohistoria.asp


Os originais deverão ser encaminhados para: submissao.remeh.uss@gmail.com


Dúvidas e demais informações em: editor.historia.uss@gmail.com

Chamada de artidos - Revista eletrônica "Das Américas"

A Revista eletrônica “Das Américas” – ISSN 2177-4455, convida a todos para a participação de seu 12º número.

A proposta que se segue, no âmbito do Núcleo de Estudos das Américas (NUCLEAS/UERJ), é a formação de um boletim acadêmico na área de História e Ciências Humanas afins, que se constitui basicamente em periodicidade bimestral, com a quantidade de 4 (quatro) a 6 (seis) artigos acadêmicos, 1 (uma) resenha de obra literária, acadêmica ou cultural. Recomenda-se o envio de trabalhos de Iniciação Científica, Conclusão de Curso ou ainda de disciplinas do Mestrado, Doutorado ou outros cursos latu sensu.

Visando a publicação neste número, os trabalhos devem ser enviados pararevistadasamericas@gmail.com  até o dia 30/04/2012.



sexta-feira, 30 de março de 2012

Chamada de artigos - Revista Pontos de Interrogação

A comissão editorial da revista eletrônica Pontos de Interrogação, do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural, do Campus II da UNEB/Alagoinhas-Ba, comunica a todos que está recebendo - até o dia 09 de abril de 2012 – contribuições acadêmicas originais (artigos, resenhas e entrevistas), em português, inglês, francês e espanhol, a serem publicadas no nº. 1 do volume 2, que será colocado em circulação em junho de 2012. O tema A produção de autoria feminina tem por objetivo mapear produções de mulheres, na arena cultural, problematizando os modos de produção destes sujeitos, de circulação de seus produtos, os impasses e dificuldades que enfrentam neste processo, as formas de subalternização de sua escrita, de seus artefatos culturais, bem como as estratégias criadas para visibilização e inserção de suas proposições/intervenções, além de suas perspectivas e sentidos. Com isso, são bem-vindos trabalhos que exponham os deslocamentos destas produções frente a um cânone disseminado (em escolas, universidades, bibliotecas, sistema midiático, sistema de políticas...) a um mercado hegemônico, a uma cultura patriarcal, etnocêntrica, heteronormativa, assim como possibilitem a reflexão sobre outros modos de produção artístico-literária, econômica, subjetiva, científica, cultural.



Prazo para envio: 09 de abril 2012

Endereço eletrônico para envio dos textos: pontosdeinterrogacao2.1@gmail.com

Informações sobre as normas para publicação: http://www.poscritica.uneb.br/revistaponti/index.php

Chamada para publicação de artigos

O editor da Revista CLIO, publicação semestral do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco– ISSN 0102-9487, convida a comunidade acadêmica para a publicação de artigos em seu próximo volume, cujo dossiê intitular-se-á “Fronteiras e Sociedade”. Este tema permite abrir janelas para um debate na história e suas áreas afins, focando a formação de fronteiras na sociedade, na política, na cultura e na economia. Possibilita ainda, que estudos historiográficos nessa temática possam ampliar conhecimentos da história brasileira, da europeia e da africana. Além dos artigos que compõem o dossiê, a Revista CLIO publica artigos de temáticas livres, em História e áreas afins, além de resenhas, transcrição de documentos e entrevistas.

Os autores interessados devem se cadastrar no endereço da Revista na Plataforma Open Journal System (www.ufpe.br/revistaclio) e enviar os textos, por meio de funcionalidade específica disponível neste site, até o dia 15 de maio de 2012, seguindo as padronizações explicitadas abaixo. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão rejeitadas e devolvidas e aos autores.

i) Os artigos terão a extensão de 30 páginas, no máximo, digitadas em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5, com margens 2,5, folha tamanho A4. As notas deverão ser colocadas no final do texto;
 
ii) Os artigos devem conter um resumo, de no máximo 10 linhas, em português e em uma língua estrangeira (inglês, francês ou espanhol). Também devem conter 3 palavras-chaves nos dois idiomas escolhidos;
iii) Abaixo do nome do autor deverá constar a instituição à qual ele se vincula;
iv) As resenhas deverão ter até cinco páginas, também acompanhadas de 3 palavras-chave em português e em uma língua estrangeira;
v) As traduções devem vir acompanhadas de autorização do autor e do original do texto;
vi) Todos os textos serão submetidos a dois pareceristas. Cabe ao Conselho Editorial a decisão da publicação das contribuições recebidas.
vii) Normatização das notas cf. NBR 6023:
SOBRENOME, Nome. Título do livro em itálico: subtítulo. Tradução. Edição. Cidade: Editora, ano, p. ou pp.
SOBRENOME, Nome. Título do capítulo do livro. In: Título do livro em itálico: subtítulo. Tradução. Edição. Cidade: Editora, ano, p. xx-yy
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico em itálico. Cidade: Editora, vol, fascículo, p. xx-yy, ano.
 
 
 
 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Investindo no futuro


Por Vilma Homero

Para Aloísio Pessoa de Araújo, a união de matemática e economia podem contribuir com soluções para questões sociais

Aloísio Pessoa de Araújo é matemático, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Seus estudos costumam se voltar para a parte conceitual, mas seduzido pelas aplicações da economia matemática, anos atrás, ele passou a aliar seu conhecimento a projetos sociais. Em "Equilíbrio geral e informação assimétrica", apoiado pela FAPERJ, matemática e economia se unem no estudo de modelos dinâmicos. "Pesquisamos como, de um modo geral, decisões individuais produzem resultados econômicos e se esses resultados são bons para todos. As aplicações são as mais diversas possíveis, e podem ser empregadas para avaliar desde crises financeiras até questões sociais", explica o pesquisador, que ano passado foi indicado para o prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo.

Se a precisão dos cálculos tem ocupado o matemático nos últimos anos, as questões sociais também têm ganhado terreno em suas preocupações e acabaram rendendo um projeto paralelo. Seu encontro, em 2009, com o professor da Universidade de Chicago James Heckman, prêmio Nobel de Economia de 2000, terminou na formação de um grupo de estudos sobre educação infantil. "Vimos que as intervenções feitas durante a primeira infância com crianças de baixa renda têm taxa de retorno muito superiores a investimentos em educação feitos em idades posteriores", preconiza. Desde então, Pessoa de Araújo – o único fellow brasileiro da Econometric Society e membro da TWAS Rolac – passou também a se reunir periodicamente com pesquisadores de campos distintos de conhecimento, como neurociência, educação e economia. Desses encontros, nasceu um livro, publicado com apoio da Academia Brasileira de Ciência (ABC). Educação infantil traz três abordagens: a neurobiologia do desenvolvimento cognitivo; a economia do desenvolvimento cognitivo; e a aprendizagem da leitura e escrita.

"Tudo isso nos ocorreu devido à combinação de interesse científico e da relevância do tema para o país. Historicamente, o Brasil tem uma enorme desigualdade de renda, o que prejudica seu desenvolvimento econômico. Embora essa desigualdade tenha diminuído nos últimos anos, e a universalização do ensino tenha se expandido, ainda persistem graves problemas na educação, especialmente na faixa dos sete aos 14 anos, o que é confirmado pelo desempenho medíocre em avaliações nacionais e internacionais", explica. Segundo o pesquisador, os avanços da neurociência já mostraram que grande parte do desenvolvimento cerebral, e sua posterior capacidade de aprendizado, se dá na fase que vai do pré-natal até mais ou menos os quatro anos, quando a plasticidade cerebral permite uma maior absorção de dados.

"Estudos de James Heckman mostraram que poucos estímulos ao cérebro nessa fase de vida, assim como diferenças educacionais da mãe, resultam em desigualdades no desenvolvimento cognitivo, se refletem no rendimento escolar e, de uma forma geral, persistem ao longo da trajetória educacional da criança", destaca. O contrário também é igualmente verdadeiro, como constata o pesquisador. "Pais mais educados, que conversem, façam leituras e estimulem a criança de várias formas, conseguem prepará-la melhor para quando ela ingressar na escola. A educação adquirida nessa etapa da vida facilita o aprendizado nas fases seguintes porque boa parte da formação de capital humano se dá nos primeiros anos, no seio familiar", garante. Para o pesquisador, isso significa que, para corrigir desigualdades educacionais, como meio para se atingir um maior desenvolvimento econômico, é preciso investir principalmente nas fases mais precoces da vida.

Como exemplo, ele cita experiências feitas nos Estados Unidos, em Cuba e até mesmo no Rio Grande do Sul. "Trabalhos famosos, como alguns realizados durante a chamada guerra à pobreza, do governo Lyndon Johnson, nos anos 1960, mostraram que a assistência em saúde e educação a crianças com o mesmo perfil de baixa renda e situação de risco fazia diminuir, anos mais tarde, a criminalidade e os casos de gravidez adolescente, assim como também melhorava a performance escolar e possibilitava melhor renda no ingresso ao mercado de trabalho. Esse retorno acontecia porque, ao que parece, as crianças assistidas passavam a tomar decisões mais acertadas na juventude e na vida adulta." Mais tarde, todos esses programas tiveram fim no governo Bush.

Segundo o pesquisador, em Porto Alegre, iniciativas nesse sentido foram feitas na área da saúde. Com atendimento pré-natal, à saúde materno-infantil e cuidados à mãe e ao bebê em seus primeiros anos de vida, em centros comunitários de saúde, também foram bem-sucedidos. "Modelos dinâmicos, em matemática, preconizam a otimização dos investimentos, ou seja, de aplicá-los onde eles venham a produzir maior impacto. No caso da educação, seria investir nas etapas iniciais da vida. Mas, para isso, seriam necessárias políticas públicas", sugere.

Nesse sentido, ele propõe a criação de creches modelo em bairros pobres, ligadas às universidades e com convênio com o Ministério da Educação, para atender crianças de baixa renda, enquanto as mães trabalham. Nessas creches, com um número pequeno de crianças por sala e um atendimento mais personalizado, haveria atividades elaboradas por um grupo interdisciplinar de pedagogos, médicos e neurocientistas ligados à universidade, para estimular o desenvolvimento infantil com ênfase na criatividade e disciplina, por exemplo. "Essas crianças teriam acompanhamento de aprendizado durante alguns anos", sugere. Para Pessoa de Araújo, iniciativas como essa certamente garantiriam às crianças um melhor aprendizado e, a longo prazo, renderiam ao país um melhor desempenho econômico.


Fonte: FAPERJ

terça-feira, 13 de março de 2012

Convite "História a debate"

O primeiro "História em debate", organizado pelo Departamento de História da UFF, terá lugar no dia 22/03/2012 às 18 horas, com a presença de Prof. Benito Schmidt, prof. da UFRGS e presidente da Anpuh, e a Prof. Célia Tavares, prof. da FPP-UERJ e presidente da Anpuh Rio de Janeiro.

Serão discutidas questões especificas do profissional da área de História, assim como da Anpuh.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Curso de extensão Revoluções na América Latina no Séc XX

X ENCONTRO INTERNACIONAL DA ANPHLAC


X ENCONTRO INTERNACIONAL DA ANPHLAC
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES E PROFESSORES DE HISTÓRIA DAS AMÉRICAS
São Paulo, de 24 a 27 de julho de 2012



SEGUNDA CIRCULAR


A ANPHLAC – Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas - promoverá o seu próximo Encontro entre os dias 24 e 27 de julho de 2012, na Universidade de São Paulo (USP). Dando continuidade ao trabalho desenvolvido desde 1994, o X Encontro Internacional da ANPHLAC tem como principais objetivos congregar os pesquisadores da área, difundir seus trabalhos e aprofundar o debate historiográfico em torno de temas e questões relacionados à História das Américas.


O Encontro será estruturado fundamentalmente a partir de mesas-redondas e minicursos que deverão versar sobre temas vinculados à pesquisa e ao ensino de História das Américas, excluindo-se aqueles que se voltem exclusivamente para a História do Brasil. Os trabalhos e minicursos poderão ser propostos em grupo ou individualmente. As mesas-redondas previamente organizadas deverão possuir no mínimo três e, no máximo, quatro integrantes e apresentar um título geral. Todas as propostas deverão estar acompanhadas pela ficha individual de inscrição que se encontra em nossa página na internet. Os trabalhos inscritos serão analisados pela Comissão Científica do Encontro, sendo as propostas individuais reunidas sob a forma de mesas-redondas. Os mini-cursos serão de 6 horas (3 dias), podendo ser ministrados por 1 ou 2 professores. As propostas de minicurso também serão analisadas pela Comissão Científica e somente serão efetivadas se houver um número mínimo de inscritos. Em todas as situações, o preenchimento da ficha e o pagamento da inscrição deverão ser feitos por cada participante.Os resumos dos trabalhos e minicursos devem ter, no máximo, 15 linhas em editor padrão (fonte Times New Roman, tamanho 12) e devem ser enviados até o dia 09 de março de 2012. Juntamente com os resumos deverá ser encaminhada a cópia do comprovante do pagamento da inscrição no X Encontro, realizado por depósito bancário.Os valores das inscrições são:1. Com apresentação de trabalhos:a) Associados (com a anuidade de 2011 paga ou a de 2012, no caso de novos associados): R$60,00


b) Não-associados: R$200,00

2. Sem apresentação de trabalhos com direito a certificado e inscrição em um minicurso (inscrição a partir de 16/4/2012):


a) Associados (com anuidade de 2011 paga): isentos


b) Não-associados: R$80,00


c) Estudantes de Graduação: R$30,00


d) Estudantes de Pós-Graduação e professores do Ensino Fundamental e Médio: R$50,00


O pagamento será efetuado por meio de depósito bancário na Conta corrente da ANPHLAC:


· Banco do Brasil: Agência 7009-2 (USP Campus São Paulo)


· Conta: 25.752-4 - São Paulo – SP


· CNPJ: 14.810.243/0001-08


· Nome: Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das AméricasPesquisadores estrangeiros que não tenham acesso ao Banco do Brasil podem pagar a taxa no primeiro dia do Encontro.


A ficha de inscrição para apresentação de trabalhos pode ser encontrada em nossa home page nas notícias do encontro em http://www.anphlac.org/encontros.asp ou diretamente através do link:


http://www.anphlac.org/upload/ficha_x_encontro.docA ficha devidamente preenchida com os dados pessoais e resumo(s) e a cópia do comprovante de depósito, deverão ser enviados, por e-mail, para:


· Eustaquio Ornelas Cota Junior – Estagiário da ANPHLAC –anphlac@anphlac.org· ou, por correio, para o seguinte endereço:ANPHLAC


Subsolo do Prédio de História e Geografia - Cidade Universitária - USP


Av. Prof. Dr. Lineu Prestes, 338, sala 02 - CEP: 05508-900


São Paulo - SPSomente serão analisados os resumos que vierem preenchidos na ficha de inscrição e acompanhados da cópia do recibo de pagamento. Se o trabalho não for aceito, a ANPHLAC devolverá a taxa de inscrição. Só serão aceitas inscrições de pesquisadores com Graduação completa.


Informações atualizadas sobre o X Encontro Internacional da ANPHLAC estão na home page da ANPHLAC – http://www.anphlac.org

Seminários de História Ambiental com Prof. Angus Wright, na UFRJ

O Laboratório de História e Ecologia e o PEA - Programa de Estudos Americanos convidam para os seminários "A pesquisa agrícola e a transformação da paisagem numa perspectiva histórica", pelo professor Angus Wright. Os seminários serão em português.
 
Angus Wright é Professor Emérito da California State University, Sacramento, CA - USA e autor de: "Nature' s Matrix: Linking Agriculture, Conservation, and Food Sovereignty" e " The Death of Ramón González: the Modern Agricultural Dilemma"
A AULA INAUGURAL será no dia 15 de Março, quinta-feira - 14:00 horas - Salão Nobre
ENCONTROS TEMÁTICOS:

Quintas-Feiras - 14:00-16:00 horas - Sala 225
  • 22 de Março - Uma perspectiva agroecológica da história ambiental.
  • 29 de Março - Quem define a paisagem agrícola?
  • 5 de Abril - Ciência, dúvidas e valores no enfrentamento do problema da hipóxia no Golfo de México.
  • 12 de Abril - A pesquisa agrícola e o futuro das paisagens no Brasil.
  • 19 de Abril - José Lutzenberger e a visão ecológica da agricultura.
 
Palestrante convidada: Elenita Malta Pereira - UFRGS.
 
As leituras para discussão nos seminários estarão disponíveis online.
 
www.sedrez.com/UFRJ/html/laboratorio.html
Contato: Lise Sedrez - lise@historia.ufrj.br -
Largo de São Francisco de Paula, n. 1 - Centro - Rio de Janeiro
Local: UFRJ - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
 
 
 

quinta-feira, 1 de março de 2012

4ª Reunião da SAB Sudeste


4ª Reunião da SAB Sudeste
Campus da UERJ, Rio de Janeiro
05 a 07 de novembro de 2012
 
A 4ª Reunião da SAB Sudeste é um evento que vem se consolidando no calendário de encontros científicos versando sobre Arqueologia, que tem por objetivo discutir assuntos acadêmicos e focados na região Sudeste, abrangendo também as áreas correlatas de Patrimônio e Museologia.
 
Pretende-se que o evento supra as necessidades de discussão e ação locais e regionais, permitindo que pesquisadores atuantes na área possam discutir publicamente suas idéias, atendendo às demandas do público estudantil e profissional. Em breve será divulgado a programação e o prazo de envio de trabalhos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Entrevista

Pessoal, esse é o link do programa Estação Brincadeira, da Rádio MEC AM, ao qual tive o prazer de dar uma entrevista sobre a profissão de Historiador. O programa tem cerca de 3 horas, portanto, é preciso adiantar o podcast até 1h40min para ouvir a minha entrevista. Foi uma experiência bem interessante ter a oportunidade de explicar a minha profissão para crianças. Será que consegui converter alguém?


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Lembrança da ditadura

Tornou-se acesa a discussão em torno da implantação de um currículo único nas escolas deEducação básica de todo o País. Os argumentos são os mais variados, entre eles o de que assim não se prejudicará a criança ou o jovem que necessitar transferência de um estado para outro.

A tão decantada diversidade cultural do Brasil, que levou grandes escritores, como Gilberto Freyre, a proclamar a existência de vários brasis em regiões diferentes, foi deixada de lado.

Os autores da iniciativa querem um só Brasil, de Norte a Sul, como se isso fosse possível. Não cola o argumento de que serão deixados 30% dos currículos para serem determinados pelos conselhos estaduais e municipais de Educação. Isso cheira a uma perigosa centralização.

Parece que alguns educadores, que não tiveram a experiência da ditadura Vargas, sentem saudade do que não conheceram. Havia o livro único, sintoma claro da falta de liberdade dos nossos escritores, além de um controle inviável por parte do então Ministério da Educaçãoe Saúde. Trabalhava-se com medo de desagradar aos poderosos - e isso podia dar até cadeia.

Quando se perde um tempo precioso na discussão desse tema, esquece-se uma questão essencial: há uma clara desnacionalização de algumas das principais editoras brasileiras, que estão sendo adquiridas por firmas espanholas, portuguesas, inglesas e americanas.

Quando não é a totalidade das ações, é uma espécie de parceria em que perdemos o comando. Nossos intelectuais, tão ciosos na defesa dos interesses nacionais, estão quietos em relação a esse processo galopante de alienação.

Há um pormenor que nos angustia: a compra de livros didáticos por parte do governo brasileiro. São grandes aquisições, de milhões de livros, que ficam sob a orientação de firmas estrangeiras. São os seus diretores que irão nortear o que se deve fazer para melhorar o ensino da língua portuguesa?

No momento em que se pretende valorizar a cultura africana, nas lições de história, entregamos a elaboração dos nossos livros a um poder alienígena? Não basta argumentar que os autores serão brasileiros.

Eles estarão submetidos a uma orientação que não é nossa. Se caminharmos para o currículo único, mais fácil será ainda a conquista das mentes dos nossos estudantes, pois não haverá a oferta democrática de opções, nas diversas disciplinas que compõem a grade curricular.

Convém pensar também no destino das pequenas e médias editoras brasileiras, que certamente serão sufocadas por esse perigoso sistema. Fica o alerta.

ARNALDO NISKIER é professor

Fonte: O GLOBO, 17 DE JANEIRO DE 2012.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A mulher que amamos odiar

Vítima de uma historiografia cheia de preconceitos, Carlota Joaquina ressurge em livro como uma política hábil


O conhecimento que boa parte de nós tem sobre Carlota Joaquina (1775-1830) costuma ter densidade de um enredo histórico de escola de samba: é aquela espanhola bigoduda que odiava o Brasil e chacoalhou os sapatos ao sair daqui, para não levar nenhum grão de poeira do país. O filme de Carla Camurati tampouco ajudou muito: se ajudou o renascimento do cinema nacional, enterrou de vez a personalidade da soberana. "O movimento liberal e as transformações sociais e políticas do século 19 exigiram reinvenções do passado como forma de legitimar um presente que se queria construir. Carlota Joaquina, rainha portuguesa que nunca perdeu sua identidade espanhola, foi contra a vinda da família real ao Brasil - e declarou seu regozijo com a volta à Portugal -, que defendeu o absolutismo e se recusou a assinar a Constituição Liberal portuguesa, certamente não servia para subir ao pódio dos personagens dignos da memória nacional", explica a professora Francisca Nogueira de Azevedo, autora do recém-lançado Carlota Joaquina na Corte do Brasil (Civilização Brasileira, 397 paginas, R$ 40), um retrato surpreendente da rainha, que surge como uma política hábil, capaz de ir muito além do papel subalterno a que a corte lusitana constrangia as mulheres.

Não foi a intenção da pesquisadora fazer a reabilitação de sua figura histórica. "Quis acompanhar a trajetória de vida de Carlota, preocupada com o universo feminino de seu tempo, com a produção historiográfica que delineou os estereótipos que marcam a sua memória e com sua atuação na esfera pública, onde, desde fins do século 18, ela assume um papel preponderante na política externa portuguesa", avalia a Francisca. Filha primogênita do rei Carlos IV, de Espanha, casou-se, com apenas 10 anos, com o futuro dom João VI. Embora um típico casamento diplomático que visava ao pacto entre as duas coroas ibéricas, nas cartas referia-se ao marido como um homem bom e honesto, culpando o grupo que os cercava pela desarmonia do casal, que, em 1806, chegou ao ápice com a chamada Conspiração do Alfeite. "Vários documentos comprovam que dom João passou por um longo período de depressão, afastando-se completamente do poder. A corte portuguesa dividia-se, então, entre anglófilos e francófilos.O grupo de tendência francesa apoiou Carlota para que ela assumisse o poder, como regente no lugar do marido."

A "traição" teve um preço alto: "Carlota foi colocada incomunicável, confinada no palácio como prisioneira, afastada dos amigos e dos pais e sua correspondência passou a ser controlada pelo grupo político de dom João". É nesse espírito que se vê a bordo de um navio com destino à Colônia, onde, mal chegando, descobriu que os pais, monarcas da Espanha, estavam prisioneiros de Napoleão, com quem haviam estabelecido pouco antes uma aliança (condenada por Carlota com notável antecipação) que permitira a Bonaparte cruzar o território espanhol para invadir Portugal. O irmão de Carlota, Fernando VII, liderou um motim contra o pai e deu a Napoleão a chance de arrancar o trono dos espanhóis para colocar em seu lugar o irmão José Bonaparte. "Assim, o problema maior de Carlota não era a Colônia, mas as condições em que veio para o Brasil, praticamente um exílio. Suas cartas revelam sua luta para, de início, não partir de Portugal e, depois, seu desejo de voltar à Europa. Não encontrei nenhuma referência a um desprezo pelo Brasil, mas várias tentativas de sair da Colônia", diz Francisca.

Sem rei, os "criollos" dos vice-reinados espanhóis na América viram a chance de pôr fim à opressão dos Bourbon, movimento logo percebido por Carlota. No exílio colonial, ela decidiu lutar pela preservação do império de seu pai nos trópicos. "Carlota queria a regência da Espanha e, a partir da sede da monarquia, em Buenos Aires, coordenar a resistência à invasão napoleônica e garantir para a dinastia dos Bourbon a coroa espanhola, ou seja, fazer o mesmo que dom João fez", diz a pesquisadora. Para tanto, reuniu o apoio de parte da nobreza espanhola e da portuguesa, descontente com a vinda da Corte ao Brasil, à ajuda intelectual do almirante-de-esquadra britânico no Rio, Sidney Smith, e enviou, em 1808, um manifesto à Espanha, no qual se coloca como a defensora dos direitos de sua família. Ganhou, com isso, na Colônia, pesados inimigos para seus planos de se tornar a regente exilada de Espanha. Entre eles, o chefe do gabinete de dom João, o conde de Linhares, que logo percebeu o perigodessa ação para seus planos de estender o império português para as áreas ocupadas pela coroa espanhola. O conde tinha um aliado forte: Lord Strangford, o embaixador inglês em Lisboa e desafeto de Smith. Strangford achava que o Brasil deveria ser "um empório para as mercadorias inglesas, destinadas ao consumo de toda a América do Sul".

O embaixador espanhol no Rio também se irou com Carlota, pois tinha ordens expressas da junta que governava a Espanha de mantê-la longe das colônias do Prata. Afinal, as lembranças desagradáveis da última união entre as coroas ibéricas levava a considerar os infortúnios que viriam de uma nova soberania portuguesa sobre os hispânicos. Como se não bastasse, Carlota, apesar do que diziam seus desafetos, não era um homem... O sistema que ordenava a sociedade lusitana entre os séculos 18 e 19 privava a mulher do convívio social, mantendo-a presa ao cotidiano doméstico. "A atuação de Carlota na esfera pública, negociando acordos diplomáticos, articulando com parte da nobreza portuguesa para ascender ao poder a pleiteando a regência da Espanha, certamente transgredia o espaço determinado para as princesas consortes na corte bragantina", observa Francisca.

"Aliás, ao não se enquadrar nesses padrões, atribuiu-se a ela qualidades geralmente representativas do sexo masculino: violência, autoritarismo, ambição etc. Muitos artistas fiéis a esses estereótipos a retratam com feições marcadamente masculinas." Postura comprada pela posteridade em detrimento de sua atuação política, notável. "Em 1812, mais da metade dos deputados da corte espanhola era favorável a que ela tivesse a regência da Espanha. Carlota conseguiu vencer, ainda, dois grandes obstáculos que impediam sua chegada ao trono: a revogação da Lei Sálica, que vigorava na Espanha, que proibia a ascensão das mulheres ao poder, e o reconhecimento de seu direito à sucessão da monarquia", conta. Os principais intelectuais e líderes políticos da província do Prata viram no "carlotismo" o caminho mais fácil para conseguir o livre comércio.


"Criollos" - Mesmo os que não confiavam em Carlota viam em suas pretensões ao controle da Espanha por meio dos vice-reinados uma forma de impedir a explosão definitivados movimentos liberais "criollos", que se aproveitaram do novo equilíbrio de forças na região, originado na ocupação da Península Ibérica por Bonaparte que, ao retirar de cena o monarca, mostrou a fragilidade do sentido nacional hispânico. "Praticamente todo o império espanhol se voltou para o desenrolar dos acontecimentos no rio da Prata, pois os fatos que ali ocorriam certamente iriam afetar o resto dos domínios dos Bourbon na América." Os ingleses agiram mais rápido: "A Corte do Rio de Janeiro tomou consciência de que a Inglaterra já não fazia mais questão da parceria lusa em seus projetos no Prata. A opção pela independência das províncias sob influência britânica era a melhor solução para a Grã-Bretanha na opinião de Strangford", nota Francisca. A América espanhola rendeu-se ao movimento de independência e o cerco a Carlota se fechou ainda mais: "Ela foi mantida praticamente incomunicável, afastada de qualquer decisão sobre os domínios espanhóis". Em 1814, a Espanha perdeu em definitivo suas colônias do rio da Prata e Carlota Joaquina saiu derrotada da mais importante investida política de sua vida.


No Brasil, sofria com o calor e fortes dores no peito, voltando à Europa em 1820, por causa da Revolução do Porto. Não se aquietou. Na chamada Conspiração da Rua Formosa, tentou, em conluio com nobres e frades, fazer o rei abdicar e rasgar a Constituição, instrumento liberal que odiou até o fim de seus dias e tentou derrubar em golpes sucessivos que a levaram ao exílio e mesmo a usar o filho, o infante dom Miguel, para tentar restabelecer o absolutismo que, acreditava, era a ordem natural das coisas. "Carlota Joaquina não é mulher fácil de se entender. Compreendê-la, decifrar o enigma de sua personalidade, é algo impossível para seus contemporâneos, daí o repúdio natural que recebe dos membros da sociedade que desprezam a inquietude e a curiosidade das mulheres", nota Francisca.

Fonte: Agência FAPESP (http://143.108.10.11/?art=2378&bd=1&pg=1&lg=).

Dossiê "História, Cinema e Música"


A revista Tempos Históricos, da UNIOESTE, está online, com o dossiê História, Cinema e Música.