quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lentamente, computador faz diferença na escola

Há algo diferente na Escola municipal de ensino fundamental Ernani Silva Bruno, localizada na Parada de Taipas, periferia no extremo oeste da capital paulistaLuciano Máximo
Há algo diferente na Escola municipal de ensino fundamental Ernani Silva Bruno, localizada na Parada de Taipas, periferia no extremo oeste da capital paulista. Em meio ao corre-corre de crianças na hora do recreio nota-se vários alunos seriamente concentrados na tela de seus pequenos computadores portáteis coloridos, que mais parecem brinquedos à primeira vista. Conectado no Google, Igor do Nascimento, da 7ª série, aproveita o intervalo para adiantar um trabalho sobre doenças sexualmente transmissíveis. Já Daniel Duarte, da 5ª, não desgruda os olhos de um videogame sanguinário. Outros teclam compulsivamente em alguma sala de bate-papo online.

A cena se repete em classe, com variações no conteúdo. O uso do computador é realidade no processo de ensino dos 600 alunos do 1º ao 9º ano da Escola, que desde 2007 abriga a fase pré-piloto do programa federal Um Computador por aluno (UCA), assim como em outras quatro Escolas públicas de Brasília, Palmas, Piraí (RJ) e Porto Alegre. Com o laptop XO, que pesa 1,5 kg e tem 25 cm de largura e de comprimento e acesso à internet sem fio, osalunos publicam suas redações no blog da Escola e contam com a internet e softwares pedagógicos para aprender inglês, ciências, geografia e matemática.
Para os estudantes, a ideia é "muito legal". "A gente fica com vontade de fazer as coisas dentro da Escola, de escrever, de pesquisar", conta Jeferson Rodrigues Gomes, de 11 anos. O aluno da 5ª série foi eleito monitor e assumiu a responsabilidade de estar na Escola fora do horário para ajudar os professores na preparação das aulas e os colegas no manuseio do XO, que foi desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). "Melhor do que ficar vendo televisão em casa", diz o garoto.
A Escola tem oito monitores que se revezam nas 18 salas de aula. "A participação, estimulando a responsabilidade e o espírito cooperativo, faz parte do projeto pedagógico criado para o trabalho com os laptops. Os alunos ficam menos dependentes e, muitas vezes, são eles que ensinam o professor", relata Edna Oliveira Telles, coordenadora pedagógica da unidade.
Para educadores e especialistas, o computador na sala de aula não é encarado como panaceia, mas um elemento a mais que pode ajudar a melhorar a Educação. "É preciso saber usar com planejamento", afirma a professora da 1ª série Marília de Castro Carneiro. No primeiro ano do UCA, a 9º série da Escola tirou 3,4 no Ideb - avaliação do Ministério daEducação (MEC) que considera fluxo Escolar e desempenho em português e matemática. A nota do ano passado subiu para 4,5, acima da média da rede pública municipal, de 4,2. Os diagnósticos internos também indicaram avanços no período: menor índice de faltas e melhor rendimento em temas como oralidade, raciocínio matemático e interpretação e produção de textos. As outras Escolas do UCA também melhoraram as notas do Ideb - apenas uma manteve a pontuação.
Apesar das boas notícias, a coordenadora pedagógica do Ernani Silva Bruno é cuidadosa ao atribuir os avanços somente à utilização do laptop. "Claro que o aluno fica mais cuidadoso ao escrever, sabendo que sua redação vai para um blog que todo mundo vai ler. Mas também temos que considerar as aulas de reforço, o desempenho dos professores e as atividades do conselho Escolar", pondera Edna.
As avaliações educacionais atuais ainda não capturam o impacto do uso da tecnologia em termos qualitativos. "É difícil isolar o componente da tecnologia para medir qualidade, é muito recente, não há base de comparação. Estamos interessados em entender isso, contratamos a Unesco e começamos a elaborar estudos próprios", informa Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de Educação a distância do MEC, área do governo federal responsável pelo UCA e outras políticas de tecnologia educacional.
Depois de dois anos de atraso por causa de problemas na licitação, vencida pela CCE, o MEC quer concluir até o fim de 2010 o projeto piloto do UCA, que prevê a distribuição de 150 mil laptops para 300 Escolas de ensino fundamental e médio do país. O custo por máquina é de R$ 550, num total de R$ 82,5 milhões, além de outros investimentos. "Não é uma ação trivial. O MEC precisa prover equipamentos, rede wireless, servidor, material pedagógico e capacitação do professor", acrescenta Bielschowsky. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibiliza linha de crédito de R$ 660 milhões para prefeituras e governos estaduais participarem da expansão do projeto.
Mesmo com constatações positivas, o Brasil está longe de concretizar o plano de ter um computador por aluno na rede pública - para isso, seriam necessários mais de R$ 25 bilhões apenas para a compra dos laptops. Em todo o mundo, isso é realidade apenas nas séries primárias do Uruguai. Suécia, Finlândia, Coreia do Sul e Inglaterra estão bastante adiantados. A estratégia das políticas públicas brasileiras foca o trinômio infraestrutura (universalização do acesso à internet nas Escolas e superação do sucateamento dos laboratórios de informática), capacitação maciça de professores e conteúdo (sistematização do material didático associado a vários tipos de tecnologias).
As três esferas de governo ampliaram os investimentos para o cumprimento dessas prioridades nos últimos anos. No âmbito federal, os recursos somam cerca de R$ 1 bilhão desde 2006. O MEC garante, por exemplo, que todas as Escolas urbanas da rede pública municipal e estadual terão cobertura de internet de banda larga até dezembro, ação que beneficiará mais de 35 milhões de estudantes. A meta faz parte do contrato de concessão dos serviços de telefonia fixa, negociado entre governo federal e operadoras do setor em 2008. Cerca de 47 mil unidades Escolares, ou 72%, haviam sido conectadas até junho. O ministério também destaca a instalação de mais de 20 mil laboratórios de informática e o registro de 330 mil professores em vários tipos de cursos sobre Educação digital, em 2009.
No dia a dia de alunos e profissionais da Educação, porém, a percepção é de que o trinômio infraestrutura, capacitação e conteúdo não avança no mesmo passo.
Kátia Duque Estrada, professora de matemática da 5ª série da Escola Estadual Sérgio da Costa, na Zona Norte de São Paulo, lamenta a falta de apoio para usar a informática em suas aulas. "Quando dá para descer para o laboratório, ensino as crianças a fazer fórmulas e gráficos, mas é só o que sei sobre Excel. Gostaria de fazer mais cursos", conta ela. "Tiramos leite de pedra aqui", acrescenta a diretora Renata Andréa Diório, se referindo à situação da sala de informática, insuficiente para atender aos 1.400 alunos do colégio. Dos 27 computadores, 14 estão em manutenção. "Chegaram ao ponto de roubar peças de algumas máquinas, tivemos que registrar ocorrência na delegacia."
A professora de português Sandra Martins Modesto, que coordena uma série de atividades extracurriculares, também reclama da falta de recursos e diz que as tecnologias não são bem aproveitadas no colégio. "Começamos um jornal que envolveu 300 alunos e ajudou muito no ensino. Na fase final de produção, às vezes ficava em casa conectada com muitos deles. Muita coisa não dava para ser feita no laboratório", reconhece. "A gente percebe que a atualização tecnológica da Escola é mais lenta que o normal", constata o redator-chefe da publicação Escolar "Construindo o Futuro", o aluno Matheus Mendes. Viciado em pesquisa na internet, o colega Luan Cardoso complementa: "Com a internet, o aluno não se limita, pode ir além do que o professor ensina."
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo afirma que a instalação de banda larga nas Escolas começou em 1998 e os laboratórios de informática da rede receberam 52,4 mil computadores com o programa Acessa Escola - os investimentos em equipamentos passaram de R$ 44 milhões em 2009 para R$ 76 milhões este ano. As salas de informática ganharam aspecto de lan house, com acesso diário dos alunos e da comunidade, nos fins de semana. Os responsáveis pelos espaços são os próprios estudantes do ensino médio, que são contratados pelo governo. No total, 10,1 mil estagiários, com bolsa-auxílio de R$ 340 para uma carga horária diária de quatro horas de trabalho, atuam em 2.081 Escolas. Até o fim do ano, outras 1.449 unidades terão novos laboratórios.
Segundo a coordenadora de tecnologia da Educação do Acre, Rosa Braga, o uso do computador e da internet para o ensino ainda engatinha no Estado. Laboratórios de informática desatualizados e falta de preparo do quadro docente são os principais problemas. "Como o professor não era incluído digitalmente, primeiro ele tem que se apropriar das tecnologias, e isso está sendo ampliado, com 3 mil professores em capacitação, mas leva tempo. Temos que ter paciência pedagógica", explica Rosa.

Em Goiás, dos 37 mil professores da rede estadual, mais de 20 mil participaram de cursos a distância sobre a integração de tecnologias ao contexto educacional, mas eles estão diante de uma estrutura bastante limitada: são 1.200 Escolas e 841 laboratórios de informática. "Como a tecnologia vai melhorar a Educação se vivemos uma realidade de Escolas com 2 mil alunos para 40 computadores? Nesse contexto o computador não é decisivo", argumenta a educadora Milca Severino, secretária estadual da Educação de Goiás.

No Paraná, Estado com o maior Ideb do ensino médio do país, os projetos de tecnologia da informação começaram em 2004, com ações de inclusão digital envolvendo alunos eprofessores e a modernização dos laboratórios de informática, ações que demandaram investimentos de R$ 130 milhões. Em 2007, antes do programa de banda larga do MEC, as 2.100 Escolas estaduais, nas zonas urbanas e rurais, estavam conectadas à internet.

A diretora estadual de tecnologia educacional do Paraná, Elizabete dos Santos, conta que todas as atividades pedagógicas lançam mão de algum recurso tecnológico. "À medida que oprofessor se aproxima das tecnologias, nossa proposta é aproveitar ao máximo o potencial que elas têm no ensino. O primeiro passo é conhecer e depois ampliar, sempre com avaliação crítica", comenta. As ferramentas mais usadas são o portal "Dia a Dia daEducação", site onde professores compartilham suas aulas com outros colegas e osalunos contam com várias opções de conteúdo, e a "famosa" televisão laranja, equipamento multimídia instalado em cada uma das 22 mil salas de aula paranaenses.

A estratégia da prefeitura do Rio de Janeiro é transformar cada sala de aula num laboratório de informática improvisado. A prefeitura planeja gastar entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões em projetores, caixas de som e laptops, além de conexão de internet sem fio, reformas e medidas de segurança. Os equipamentos serão instalados inicialmente em 5 mil classes e osalunos se dividirão em trios para usar os computadores para acompanhar as aulas preparadas no portal Educopédia e atividades online - as máquinas não serão dadas aos estudantes. "Ainda seguimos um modelo de laboratórios de informática, que é falido. A tendência mundial é diminuir o gap da construção de conhecimento entre aluno e professore isso não acontece sem a tecnologia", analisa Rafael Parente, da área de projetos estratégicos da Secretaria Municipal da Educação do Rio.

Fonte: Valor Econômico (SP)

Leia o Manifesto em Defesa da Democracia

Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que militantes partidários tenham convertido órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais em valorizar a honestidade.

É constrangedor que o Presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras, mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É deplorável que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.

Manifesto em Defesa da Democracia

Para assinar a petição, é fácil:


Basta clicar AQUI.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lula e a visão autoritária da imprensa (O Globo)

É nos improvisos que o presidente Lula se deixa levar, fala o que não seria conveniente do ponto de vista político, mas transmite o que lhe vai no fundo da alma. Inebriado por índices recordes de popularidade, nunca antes alcançados neste país, Lula tem radicalizado na autoindulgência, como se o apoio popular o colocasse acima de leis e limites institucionais.

São exemplos desse desvio as sucessivas vezes em que o presidente age como chefe de partido, numa deplorável mistura de papéis, porém bem ao estilo de um governo que, na ocupação da máquina burocrática, exercita ao extremo a confusão entre interesses privados e a esfera pública.

É nessa zona cinzenta que a grande família de Erenice Guerra se aboletou, e corporações sindicais sentam praça nos cofres do Tesouro, ao lado de movimentos ditos sociais que atuam em estado de semiclandestinidade, em parte financiados pelo contribuinte.

À medida que se envolvia no projeto de eleger a sua desconhecida ministra Dilma Rousseff, enquanto mantinha e até elevava a popularidade, o presidente foi jogando às favas o equilíbrio. Principal atração dos comícios de sua candidata, Lula radicaliza na insensatez. Pode-se dar desconto pelo inevitável aumento de temperatura característico das campanhas eleitorais, mas não é possível ser condescendente quando se invade de maneira desvairada o campo vital das liberdades democráticas.

Até porque o ataque feito por Lula à imprensa, num comício em Campinas, sábado, não é um acidente de rota, um fato isolado no seu governo de quase oito anos; tampouco no seu partido, onde se destilam propostas formais para a democratização da mídia, o controle social dos meios de comunicação, eufemismos para designar a destruição da independência da imprensa profissional, assim como fazem os governos de Cristina Kirchner e Hugo Chávez, aliados preferenciais da diplomacia companheira no continente.

No sábado, Lula, como se tomado pelo espírito do Rei Sol, um Luis XIV tropicalizado, bradou: Nós somos a opinião pública. Em meio a ataques a alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem um partido político(...), Lula, na verdade, externou toda a dificuldade que ele, auxiliares diretos e líderes petistas têm de entender o papel da imprensa numa sociedade aberta. Há tempos emana do Planalto a visão de que o governo Lula acabou com os formadores de opinião, e agora se sabe que eles foram substituídos, segundo este contorcionismo intelectual, pelo presidente e seu grupo no poder. Numa reedição de um pai dos pobres de figurino getulista, o presidente teria hipnotizado as massas, alimentadas por um assistencialismo bilionário, e por isso elas só reproduzirão a opinião do seu redentor.

Mais do que uma tosca engenharia de raciocínio, porém, esta percepção lulista da imprensa deriva de um entendimento autoritário da função dos meios de comunicação: segundo a vulgata ideológica dos intelectuais orgânicos do lulopetismo, a imprensa é um instrumento de manipulação da sociedade.

E, sendo assim, precisa estar subordinada ao partido e ao Estado, os quais, no imaginário desses militantes, se confundem. É inconcebível para esses que a imprensa profissional que precisa ser rentável para se manter independente, e o mais distante possível de verbas administradas pelos poderosos do momento cumpra uma função pública, e disto têm consciência profissionais e acionistas das empresas de comunicação.

A visão maniqueísta lulopetista da imprensa leva a que se procure intrincadas conspirações por trás de reportagens de denúncia, um truque que também serve para jogar uma cortina de fumaça à frente de desvios éticos cometidos pela companheirada. Foi assim que o mensalão se tornou produto de uma imprensa golpista, bem como a ação dos aloprados.

Denunciado por um aliado desgostoso, Roberto Jefferson, do PTB, o esquema de coleta e lavagem de dinheiro sujo para alimentar uma bancada parlamentar governista gerou um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal, depois de aceita denúncia da Procuradoria Geral da República contra essa organização criminosa. No escândalo da tentativa de compra de um dossiê falso contra o tucano José Serra, na campanha de 2006 para o governo de São Paulo, petistas proeminentes os aloprados, nas palavras do próprio Lula foram apanhados em flagrante delito. Nada porém abala o discurso petista contra manobras golpistas da imprensa independente.

Mas não houve qualquer crítica quando, no primeiro governo FH, reportagem do GLOBO derrubou o então presidente dos Correios, Henrique Hargreaves, ao revelar que ele tinha um contrato com o Sebrae, do qual recebia sem trabalhar.

Não se ouviu, também, qualquer reclamação petista quando a Folha de S.Paulo relatou histórias de compra de votos de deputados federais a favor da emenda constitucional que permitiria a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Ou na revelação feita pelo GLOBO de que o esquema do mensalão, antes de José Dirceu, Delúbio e Genoino, fora acionado pelo PSDB mineiro no financiamento da campanha frustrada de reeleição do governador Eduardo Azeredo, delito também a ser julgado no STF. E nenhuma admoestação à imprensa partiu do PT na divulgação de cenas pornográficas de corrupção patrocinadas pelo DEM de Brasília. Imprensa boa é imprensa chapa-branca, deduz-se.

Outra prova cabal de como o PT se equivoca sobre o jornalismo profissional foi dada por José Dirceu, cassado no escândalo do mensalão e considerado pelo Ministério Público o chefe da tal organização criminosa. Considerado líder importante no partido, até visto como herói por ter se imolado pela causa petista, Dirceu demonstra continuar com bom trânsito em Brasília, e continua a pontificar. Na semana passada, ao doutrinar sindicalistas petroleiros na Bahia, o ex-ministro da Casa Civil de Lula comemorou o fato de uma provável vitória da companheira de armas Dilma Rousseff facilitar a execução do projeto político do PT, difícil de ser aplicado com Lula, pois o presidente em contagem regressiva para voltar a São Bernardo é algumas vezes maior que o partido, explicou. Do projeto, consta o de sempre: democratização dos meios de comunicação etc.

Além de considerar que a imprensa brasileira abusa do direito de informar uma pérola do pensamento da esquerda autoritária , Dirceu reclamou de uma suposta tentativa das redações de interferir na formação do futuro governo Dilma, algo digno de ficção. Ora, isto não é função da imprensa. A não ser que se entendam os meios de comunicação pela ótica do PT: não passam de instrumentos de manipulação política e social.

É gigantesca também a dificuldade de Lula e companheiros entenderem que veículos de comunicação podem não defender partidos e candidatos, mas princípios, e, em função deles, criticar ou elogiar partidos e candidatos. Trata-se de outro equívoco tentar comparar a postura da imprensa brasileira diante de governos, candidatos e legendas com a de países onde práticas democráticas são seguidas há séculos e existem partidos enraizados na sociedade por gerações.

Deturpar a realidade em razão de cacoetes ideológicos não chega a preocupar.Costuma acontecer na política e mesmo no mundo acadêmico. O perigo está quando se chega ao poder com este tipo de percepção distorcida.

Chafariz do Lagarto, projetado por Mestre Valentim, está abandonado na Cidade Nova

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Palestra do Prof. Dr. Tiago Miranda (CHAM/ FCSH-Universidade Nova de Lisboa)

Palestra:
"Do Pátio das Vacas ao Palácio da Ega: o destino e a organização dos arquivos do Ultramar Português"

Professor Doutor Tiago Miranda (CHAM/ FCSH-Universidade Nova de Lisboa)

Dia 15 de setembro, 4ª feira, às 14h. Auditório da PPGH (sala 9037 F)

Realização: Laboratório Redes de Poder e Relações Culturais
Apoio: FAPERJ

Conferência do Prof. Dr. Julio Pérez Serrano

CONFERÊNCIA:
"La modernización de España: tendencias históricas y desafíos del tiempo presente"

Dia 27/09/2010, às 14h, sala 9037 F - Auditório da Pós-Graduação

Prof. Dr. Julio Pérez Serrano
Diretor del Programa de Doctorado en Geografía e Historia de la Universidad de Cádiz
Director del Grupo de Estudios de Historia Actual
Facultad de Filosofía y Letras
Universidad de Cádi

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O grito que não foi ouvido

O Grito do Ipiranga não teve qualquer repercussão na época. A separação só viria muitos anos depois.


Por Lucia Bastos

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Ouviram do Ipiranga?

Impresso raro do século XIX mostra que a independência do Brasil começou antes do tradicional 7 de Setembro


Por Fabiano Vilaça

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Dom Pedro I: a volta do imperador

Novas pesquisas revelam um lado fascinante do homem que criou o Brasil e se tornou um estadista liberal após abdicar do trono e retornar a Portugal, onde morreu como Pedro IV.

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Exame nacional é visto com preocupação pelos professores.

Categoria critica concurso nacional de ingresso na carreira docente que será nos moldes do Enem.
 

MEC cria comitê para organizar o exame para carreira docente

Prova será nos moldes do Enem e avaliará professores. Estados e municípios poderão usar resultados como forma de seleção.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PROCESSO SELETIVO PPGH / UFF 2001

O Programa de Pós-Graduação em História da UFF (PPGH/UFF) comunica a todos que o Edital para o Processo Seletivo 2011 está disponível em http://www.historia.uff.br/stricto/selecao.php.

Fotos inéditas do Última Hora

Agência FAPESP – O Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibilizou na internet um lote com 54.385 novas imagens originárias do acervo de negativos fotográficos do Última Hora.

Muitas das imagens reproduzidas e digitalizadas são inéditas, ou seja, foram produzidas pelos fotógrafos do jornal, mas, no processo de edição e fechamento das reportagens, acabaram não sendo reveladas e publicadas.

Também entraram no site mais 1.007 ilustrações publicadas pelo Última Hora, que circulou de 1951 a 1971, sob a direção de Samuel Weiner (1910-1980).

O Fundo Última Hora, parte do acervo do Arquivo do Estado, é composto por 166 mil fotografias, 500 mil negativos, 2.223 ilustrações e uma coleção de edições do jornal em papel e microfilme. O fundo está sob a guarda do Arquivo desde 1990.

Para acompanhar o crescimento do acervo digital, o site precisou ser reformulado. Foram acrescentadas ferramentas de pesquisa com os campos “período”, “autor” e “palavra-chave”, facilitando a busca.

As ilustrações também oferecem importantes pistas para o estudo da época, e principalmente da importância do Última Hora no processo de modernização da imprensa brasileira.

Ao contratar os serviços de ilustradores e chargistas como Caulus e Leon Eliachar e oferecer aos desenhos espaço até na primeira página, o jornal apostou na valorização da parte visual e estética, de forma inédita no país até então. No site, o internauta pode pesquisar ilustrações e caricaturas por período, autor e título.

Produzido entre 1950 e 1969, em negativo flexível e papel de gelatina e prata, o material que chega agora ao site provém do Setor de Arquivo Técnico (antigo Departamento de Arquivo Fotográfico) do jornal, no Rio de Janeiro.

O objetivo final do Arquivo do Estado é digitalizar todos os negativos. Segundo o Arquivo, a urgência na reprodução do acervo fotográfico se deve porque o negativo é de difícil consulta, frágil, vulnerável à deterioração própria do material plástico (nitrato ou acetato de celulose) e a interferências externas como poluição, variações de temperatura e umidade.

As imagens resultantes podem ser usadas livremente para fins didáticos, desde que sejam citados fonte e crédito do autor da foto.