quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Alagoas aprova publicidade em uniforme escolar e causa polêmica

Vereadora Heloísa Helena aciona MP e exige anulação da nova lei: "Isso é inaceitável", diz

Rodrigo Gomes

RIO - A vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSOL) entrou com uma ação no Ministério Público Estadual de Alagoas e na Vara da Infância e Juventude pedindo a anulação na Justiça da lei 7.288, que autoriza o anúncio publicitário nos uniformes de alunos de escolas públicas do estado em troca da doação de uniformes, material escolar e mobiliário para colégios. A medida, que já vinha causando polêmica, foi sancionada em 30 de novembro pelo governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Para Heloísa, os alunos não devem ser obrigados a fazer propaganda para empresas.

- Eles não podem ser forçados a virar garotos-propaganda. Isso é ilegal e inaceitável juridicamente, além de ser uma falta de respeito aos estudantes, à sua dignidade e à preservação da imagem. Não podemos aceitar - critica a ex-senadora.

Desde que foi sancionada, a medida vem gerando polêmica entre educadores e na internet. A pedagoga Mirian Paúra, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, tem a mesma opinião de Heloísa.

- Colocar publicidade nos uniformes é um desrespeito ao aluno. A escola tem o dever de educar e não de explorar as crianças como mediadora de um determinado produto ou serviço - afirma ela.

Segundo a própria Secretaria de Educação de Alagoas, a falta de recursos foi o que motivou o deputado estadual Jeferson Morais (DEM-AL) a criar essa lei. Em seu Twitter, o secretário estadual de Educação e Esportes, Adriano Soares (@adrianosoares69), confirmou a informação. "Os estudantes hoje pagam pelos uniformes. Pq a educação ñ tem recursos para comprar esses uniformes para os alunos".

Heloísa Helena discorda da alternativa encontrada pelo governo.

- Não pode ser desculpa para o Estado agir inadequadamente - resume ela.

Por meio de um comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Alagoas (Sinteal) condenou a nova lei, chamando-a de "ridícula e perigosa".

"Transformar milhares de alunos em verdadeiros 'outdoors ambulantes' não irá salvar a educação pública de Alagoas do 'caos' em que se encontra. Jogar os alunos nas 'garras' da iniciativa privada dá bem a medida do que esse governo pensa e quer da educação pública.". (leia a integra da nota)

A única restrição prevista na lei é quanto ao tipo de empresa que patrocinará os uniformes: os anunciantes não podem atuar nos setores de bebidas e cigarros.

As especificações sobre a periodicidade e a padronização do material fornecido ficarão a cargo da secretaria.

Atualmente, todas as peças são pagas pelos próprios pais, mas o uso do uniforme não é obrigatório.

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